A força do dólar tem sido afetada pela incerteza econômica nos Estados Unidos desde que o presidente Donald Trump iniciou sua ofensiva tarifária contra parceiros comerciais. Antes visto como porto seguro, o dólar perdeu espaço nos portfólios globais e já acumula queda de cerca de 9% no ano, segundo o Bloomberg Dollar Spot Index. O Goldman Sachs projeta o euro a US$ 1,25 em 12 meses, enquanto o JP Morgan prevê queda adicional de 3% no dólar até janeiro de 2026.
No Brasil, o dólar recuou ao longo do ano, chegando a cair mais de 12% e atingindo R$ 5,40. Porém, a ameaça de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros reverteu parte desse movimento. Casas como UBS, BNP Paribas e Wells Fargo apontam que, apesar de fundamentos positivos como os juros elevados e o superávit comercial, o câmbio encontra resistência técnica em torno de R$ 5,75.
O risco fiscal segue como fator de alerta. Qualquer tentativa de compensar perdas com exportações via aumento de gastos pode elevar a desconfiança sobre a trajetória da dívida pública e pressionar ainda mais o real. No cenário global, analistas indicam que o dólar deve continuar perdendo força diante de expectativas de cortes nos juros e da menor atratividade dos ativos americanos.
Essa conjuntura mostra que a recente valorização do dólar frente ao real está mais relacionada a fatores internos e tensões comerciais do que a um fortalecimento global da moeda. Ao mesmo tempo, os EUA enfrentam desafios como dívida crescente e juros altos, o que mantém o Federal Reserve em postura cautelosa diante da política econômica de Trump.