A prévia da inflação oficial de julho, o IPCA-15, deve registrar alta de 0,29%, segundo projeção da Warren Investimentos. O resultado representa uma leve aceleração em relação ao índice de junho (0,26%) e eleva a taxa acumulada em 12 meses para 5,26%. Apesar da alta, a análise aponta que a inflação permanece sob controle, com sinais positivos em alimentos e núcleos.
Um dos principais destaques é a continuidade da deflação no grupo de alimentação no domicílio, com recuo estimado de 0,25% no mês. A queda é puxada por alimentos in natura, especialmente tubérculos, que devem cair 1,98%, e pela estabilidade no preço das carnes, após alta de 0,39% no mês anterior. A queda de preços no atacado e o repasse gradual ao varejo explicam a tendência.
O grupo saúde e cuidados pessoais também deve registrar desaceleração, com alta projetada de apenas 0,06%, após avanço de 0,29% em junho. A valorização do real frente ao dólar ajudou a reduzir os preços de produtos de higiene pessoal, que têm forte dependência de insumos importados. Além disso, a queda nos preços de bens industriais no atacado colabora para suavizar os reajustes ao consumidor.
Outro ponto de atenção é o comportamento dos núcleos de inflação, que excluem itens voláteis e funcionam como termômetro de tendências de médio prazo. A média dos núcleos deve desacelerar de 0,32% para 0,26%, reforçando o cenário de moderação inflacionária.
Do lado das pressões, o maior impacto deve vir das passagens aéreas, com alta estimada de 10% no mês, após leve avanço de 0,81% em junho. A variação deve adicionar 5 pontos-base à inflação de julho. Também pesam no índice a alta em despesas pessoais (+2,15%), puxada pelo reajuste em jogos de azar da Caixa Econômica Federal, além de aumentos pontuais em educação (+0,09%), aluguel e condomínio.
Medidas recentes do governo também podem influenciar o comportamento da inflação. A isenção de IPI para carros sustentáveis, válida desde 11 de julho, já pode ter tido efeito marginal nesta leitura do IPCA-15, mas deve ter impacto mais relevante nas próximas divulgações. Já o bônus da hidrelétrica de Itaipu, que reduzirá tarifas de energia, só será incorporado a partir de agosto.
A Warren projeta IPCA de 4,9% ao final de 2025 e 4,5% em 2026, sinalizando expectativa de continuidade na trajetória de desaceleração da inflação.