A recente decisão do Tesouro Nacional de reduzir o volume de leilões de títulos públicos, como forma de conter a alta das taxas, reacendeu o debate sobre a atratividade da renda fixa no atual cenário econômico. Embora a medida possa indicar uma tentativa do governo de reduzir o custo da dívida pública, especialistas ressaltam que as taxas reais – aquelas acima da inflação – ainda permanecem em níveis historicamente elevados.
De acordo com Rafael Bellas, coordenador de Produtos da InvestSmart XP, apesar da diminuição pontual na oferta, o cenário ainda pode ser considerado favorável para investidores com foco no longo prazo. “As taxas atuais, principalmente as de juro real, continuam elevadas e podem representar boas oportunidades para quem busca rentabilidade acima da inflação”, afirma.
Bellas destaca o desempenho da NTN-B com vencimento em 2035 como exemplo. Em ocasiões anteriores em que o papel foi adquirido com taxas superiores a 6% ao ano, investidores que mantiveram o título por pelo menos quatro anos conseguiram retornos acima do CDI – principal referência de rendimento da renda fixa no Brasil. No entanto, ele ressalva que resultados passados não garantem retornos futuros e que o risco de volatilidade deve ser considerado.
Para o governo, a redução nos leilões é uma estratégia para aliviar a pressão sobre os juros e reduzir o custo da dívida pública. Para o investidor, contudo, os atuais níveis das taxas podem continuar sendo uma oportunidade – especialmente para aqueles dispostos a enfrentar a marcação a mercado e as oscilações típicas de investimentos de longo prazo.
Em um ambiente de inflação controlada e com perspectivas de manutenção da taxa Selic em patamar elevado, os títulos do Tesouro atrelados à inflação ainda oferecem uma combinação atrativa de segurança e rentabilidade real.