O governo dos Estados Unidos manifestou interesse em firmar acordos com o Brasil para aquisição de minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras. O tema foi tratado em reunião realizada na quarta-feira (23) entre representantes do setor de mineração brasileiro e Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília e atual representante máximo dos EUA no país, já que a embaixada segue sem embaixador.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, o setor destacou que qualquer negociação sobre esses recursos deve ser conduzida pelo governo brasileiro, uma vez que os minerais são considerados bens da União. Após o encontro, Jungmann levou o assunto ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações com Washington para evitar a aplicação da sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras prevista para 1º de agosto.
Fontes do governo afirmam que, apesar de as empresas terem concessões para explorar e comercializar os minerais, o contexto atual de atrito diplomático impede que uma oferta seja feita sem contrapartidas. A embaixada americana confirmou a reunião, mas não revelou detalhes sobre o conteúdo das conversas.
O interesse dos EUA recai sobre 51 tipos de minerais estratégicos, com destaque para as reservas brasileiras de cobre, lítio, silício e terras raras. Esses materiais são fundamentais para setores como siderurgia e tecnologia, sendo o nióbio exemplo de insumo essencial para ligas metálicas avançadas, magnéticas e supercondutoras.
A demanda por minerais críticos ganhou peso geopolítico sob a gestão do presidente Donald Trump, que vem adotando postura agressiva em relação a recursos naturais estratégicos. Desde que assumiu, o republicano já sinalizou interesse em áreas como Groenlândia e pressionou países em conflito, como a Ucrânia, por direitos de exploração.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de 400 milhões de toneladas de minérios, totalizando US$ 43,4 bilhões, com a China e a Alemanha como principais destinos. Por outro lado, o país importou 400 mil toneladas desses minerais no mesmo ano, ao custo de US$ 4,39 bilhões.
A reunião com Escobar ocorre em paralelo à organização de uma missão empresarial brasileira aos Estados Unidos, prevista para setembro ou outubro, que buscará sensibilizar importadores americanos a pressionarem Washington por um acordo.