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São Paulo prepara medidas contra impacto de tarifas de Trump sobre exportações brasileiras

Segundo o governador Tarcísio de Freitas, a aplicação das tarifas pode comprometer até 120 mil empregos diretos e indiretos

O governo de São Paulo está articulando um conjunto de medidas emergenciais para reduzir os efeitos das tarifas de 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto. O anúncio da taxação, feito pelo presidente americano Donald Trump, acendeu o alerta no setor produtivo paulista e pode provocar impactos significativos na economia do estado.

Segundo o governador Tarcísio de Freitas, a aplicação das tarifas pode comprometer até 120 mil empregos diretos e indiretos e reduzir o crescimento econômico do estado em até 2,7%. “O que me preocupa é a possibilidade de empresas como a Caterpillar transferirem sua produção para outro país, além do impacto para o pequeno produtor de café, para a indústria da laranja e para a Embraer”, afirmou o governador neste sábado (26), durante evento promovido pela XP, em São Paulo.

O plano do governo paulista inclui a criação de linhas de crédito de longo prazo, com vencimento em cinco anos, voltadas a reforçar a liquidez das companhias afetadas. Essas medidas visam dar fôlego financeiro a exportadores que podem enfrentar queda na demanda em razão do encarecimento de seus produtos no mercado norte-americano.

Além do apoio financeiro, Tarcísio destacou que o estado está intensificando o diálogo com autoridades e empresas dos Estados Unidos, além de parlamentares americanos, para apresentar a dimensão do impacto econômico das tarifas e tentar amenizar seus efeitos. “Estamos mostrando que essa decisão pode ter consequências para ambos os lados e buscando alternativas que reduzam os danos”, disse o governador.

O encontro contou também com a presença dos governadores do Paraná, Ratinho Junior, e de Goiás, Ronaldo Caiado, que se somaram ao apelo por uma negociação direta do governo federal com a administração de Donald Trump. Ambos ressaltaram os riscos que produtores de carne e de açúcar orgânico podem enfrentar caso as tarifas sejam aplicadas.

Durante o evento, os governadores criticaram a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na relação com Trump. Eles apontaram que não foram consultados sobre decisões estratégicas que envolvem o comércio bilateral e alertaram para o risco de que divergências políticas internas prejudiquem as exportações brasileiras. Caiado, por exemplo, reforçou que o comércio com os Estados Unidos é vital para os estados produtores. Já Ratinho Junior afirmou que “Bolsonaro não é mais importante do que a relação comercial entre Brasil e EUA”, em referência às críticas de Lula a Trump por condicionar a retirada das tarifas ao arquivamento das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.

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