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JP Morgan prevê Selic estável em 15% e cortes só a partir de dezembro

O banco projeta que a Selic seja mantida em 15% nas próximas três reuniões do Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic inalterada em 15% na reunião desta quarta-feira (30), de acordo com projeção do JP Morgan. Para os economistas Cassiana Fernandez, Mirella Sampaio e Vinicius Moreira, uma decisão diferente seria considerada uma surpresa, já que o Banco Central vem sinalizando a intenção de manter os juros elevados por um período prolongado para garantir o controle da inflação.

Segundo a análise, a autoridade monetária deve reforçar o discurso de “taxa alta por mais tempo”, estratégia que já havia sido antecipada na reunião anterior, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário para avaliar se o patamar atual seria suficiente para levar a inflação de volta à meta de 3%. O comunicado esperado para esta reunião deve manter a maior parte das mensagens anteriores, com ênfase na vigilância do cenário inflacionário e na necessidade de perseverança antes de considerar reduções.

O JP Morgan destaca que o Banco Central poderá mencionar o impacto potencial das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas avalia que o tema deve ser tratado apenas como uma incerteza adicional, sem alterar de imediato a estratégia de política monetária.

Desde o último encontro, os dados macroeconômicos caminham na direção esperada pelo BC: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mostra sinais de desaceleração após um período de forte expansão, enquanto as pressões inflacionárias arrefeceram e o câmbio e o crédito respondem ao aperto monetário. Apesar disso, o mercado de trabalho segue aquecido e as expectativas de inflação para o médio prazo permanecem desancoradas, pontos que continuam a preocupar a autoridade monetária.

O banco projeta que a Selic seja mantida em 15% nas próximas três reuniões do Copom e que o ciclo de cortes tenha início apenas em dezembro, com redução inicial de 0,25 ponto percentual. A partir daí, o ritmo de afrouxamento deve acelerar para 0,50 ponto a cada decisão, até que a taxa básica alcance 10,75% ao final de 2026.

Esse cenário reflete a necessidade de mais tempo para que o impacto total do aperto monetário se transmita à economia e consolide o processo de desinflação, permitindo cortes graduais e sustentáveis sem comprometer a estabilidade de preços.

O que significa Selic alta por mais tempo?

Para o consumidor:

  • Juros elevados encarecem o crédito, incluindo empréstimos pessoais, financiamento de veículos e parcelamento no cartão.

  • A tendência é que o consumo desacelere, já que famílias evitam dívidas caras e priorizam o pagamento de contas existentes.

Para empresas:

  • O custo de financiamento para capital de giro e investimentos aumenta, o que pode reduzir a expansão e atrasar novos projetos.

  • Negócios que dependem de vendas a prazo (como varejo e imobiliário) sentem impacto direto na demanda.

Para investidores:

  • Aplicações de renda fixa (como Tesouro Selic e CDBs) se tornam mais atrativas, oferecendo retornos elevados com baixo risco.

  • O mercado de ações tende a ser pressionado, já que empresas podem ter lucros menores e os investidores preferem ativos mais conservadores.

Por que manter juros altos?

  • O objetivo do Banco Central é garantir que a inflação convirja para a meta de 3% de forma sustentável.

  • Ao manter a Selic elevada, o BC reduz a pressão sobre preços e dá mais previsibilidade ao mercado.

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