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Inflação e tensões com EUA travam cortes de juros no Brasil, apesar de consumo e safra recorde

A prévia do IPCA-15, indicador que antecipa a inflação oficial, subiu de 0,26% em junho para 0,33% em julho, acumulando alta de 3,40% no ano

O cenário econômico brasileiro combina sinais positivos e desafios complexos que limitam a capacidade do governo central de avançar com políticas mais flexíveis. Com o emprego em alta, consumo estável, safra agrícola recorde e produção industrial superior à registrada no ano passado, o país vive um momento de expansão moderada. No entanto, duas ameaças dominam a agenda: as tensões comerciais com os Estados Unidos, intensificadas pelo tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, e a persistência da inflação, alimentada por desequilíbrios fiscais e pelo aumento da demanda interna.

Esses fatores foram determinantes para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantivesse a taxa básica de juros (Selic) em 15%, conforme comunicado divulgado na noite de quarta-feira (30). A decisão reflete o esforço da autoridade monetária para conter pressões inflacionárias enquanto avalia os impactos do cenário externo instável. Segundo o relatório Focus, a expectativa do mercado para a inflação deste ano é de 5,09%, ainda acima do teto da meta de 4,5% e distante do centro de 3% estabelecido pelo governo.

A prévia do IPCA-15, indicador que antecipa a inflação oficial, subiu de 0,26% em junho para 0,33% em julho, acumulando alta de 3,40% no ano e 5,30% em 12 meses. O movimento acompanha o crescimento da massa salarial e do consumo das famílias, que se mantêm em patamar superior ao de 2024. Para o Banco Central, a combinação de demanda aquecida e cenário fiscal frágil exige cautela na condução da política monetária, justificando a manutenção dos juros no maior nível desde 2006.

As projeções atuais indicam que a Selic deve permanecer em 15% até o fim de 2025, recuar para 12,5% no encerramento de 2026 e chegar a 10,5% no final de 2027. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para este ano é de 2,23%, com expansão moderada de 1,89% para 2026 e 2% para 2027 — patamar considerado baixo para economias emergentes e insuficiente para impulsionar investimentos robustos em capacidade produtiva.

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