O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a criação de 166 mil vagas com carteira assinada em junho, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que projetava 177 mil postos. O dado, embora positivo, marca uma leve acomodação no ritmo de geração de empregos e ocorre em meio ao cenário de política monetária restritiva e tensões comerciais com os Estados Unidos.
Segundo Mônica Araújo, economista-chefe da InvestSmart XP, ainda é cedo para atribuir a desaceleração diretamente aos juros elevados. “É necessário observar um conjunto maior de dados ao longo do tempo para confirmar essa correlação. Além disso, estamos no menor nível de desemprego da série histórica, de 5,8% no segundo trimestre, o que naturalmente leva a uma acomodação nos números”, explica.
A economista alerta, porém, que o segundo semestre pode trazer mudanças regionais no mercado de trabalho devido aos efeitos da tarifa de 50% imposta pelo governo americano sobre produtos brasileiros. “Setores e empresas mais impactados tendem a ajustar sua produção, o que pode refletir na abertura de vagas”, avalia.
Esse cenário, segundo Araújo, pode influenciar o Comitê de Política Monetária (Copom) ao reduzir a preocupação com um mercado de trabalho aquecido. “Uma acomodação mais prolongada pode mudar o balanço de riscos de forma favorável e abrir espaço para ajustes na política monetária”, conclui.