A venda de R$ 1,5 bilhão em ativos ligados a Daniel Vorcaro, do Banco Master, ao BTG Pactual tem revelado, aos poucos, detalhes surpreendentes — inclusive para as próprias empresas envolvidas. Uma delas é a Veste, antiga Restoque, dona de marcas como Le Lis Blanc, Dudalina e John John.
Nos últimos dias, o BTG formalizou no Cade a operação que lhe garantirá o controle efetivo da companhia. Com a conclusão do negócio, sua participação direta e indireta na Veste saltará de 18,99% para 67,40%. Embora o protocolo não cite o nome do vendedor, apurações confirmam que a transação envolve Daniel Vorcaro, assim como já ocorrera com a venda de ações da Metalfrio.
O que surpreendeu o mercado foi o desconhecimento geral sobre a estrutura acionária: até então, não se sabia que Vorcaro detinha participação significativa na empresa em seu nome pessoal, tampouco que o BTG já era sócio relevante. Documentos da Veste apontavam como acionistas apenas veículos ligados ao Banco Master, como as gestoras WNT (49,55%) e Trustee (13,78%).
Com a publicação do edital da operação no Diário Oficial, a própria Veste se disse pega de surpresa. Em comunicado, afirmou não ter sido parte de qualquer acordo com o BTG, desconhecer detalhes do cronograma da transação e não ter sido formalmente informada sobre a aquisição do controle por parte do banco de investimentos.
O episódio reacende preocupações sobre a opacidade das participações societárias associadas ao Banco Master. Agências de classificação de risco já haviam alertado para essa falta de transparência, especialmente após a divulgação da possível venda de parte do Master ao BRB — que, por sua vez, nega interesse em assumir essas posições acionárias.
Essa não é a primeira vez que ativos vinculados a Vorcaro surpreendem o mercado. Em maio, quando o pacote bilionário foi anunciado, também veio à tona que o empresário detinha, por meio de um fundo, 15,17% da Light e 8,12% da Méliuz.