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Número de investidores em renda fixa bate recorde e já ultrapassa 100 milhões de CPFs

O valor total em custódia chegou a R$ 2,8 trilhões, avanço de 23% na comparação anual

O interesse dos brasileiros pela renda fixa atingiu um patamar histórico no segundo trimestre de 2025. Segundo o boletim trimestral de Pessoa Física da B3, o número de investidores nessa modalidade cresceu 20% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando mais de 100,2 milhões de CPFs. O valor total em custódia chegou a R$ 2,8 trilhões, avanço de 23% na comparação anual, reforçando o movimento de migração para ativos mais conservadores em um cenário de juros elevados.

Na renda variável, também houve crescimento, mas em ritmo mais moderado. O total de investidores passou de 5,1 milhões para 5,4 milhões, alta de 5% no comparativo anual. O volume em custódia no segmento subiu 7%, passando de R$ 552,3 bilhões para R$ 588,3 bilhões.

Dentro da renda fixa, os Certificados de Depósito Bancário (CDB) e Recibos de Depósito Bancário (RDB) concentram a maior parte dos investidores, somando 99,1 milhões de pessoas. A B3 explica que esse número é impulsionado pela inclusão de contas remuneradas e aplicações automáticas no cálculo. Produtos de captação bancária como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Câmbio (LC) reúnem cerca de 4 milhões de investidores. Já a renda fixa corporativa — que engloba Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), debêntures, notas comerciais e Letras Hipotecárias — tem 888,4 mil investidores. Os Certificados de Operações Estruturadas (COE) somam 630 mil CPFs.

No universo da renda variável, a distribuição dos investimentos no segundo trimestre de 2025 foi a seguinte: 4 milhões de pessoas aplicam em ações à vista, 2,8 milhões em Fundos Imobiliários (FIIs), 1 milhão em BDRs, 548,7 mil em Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) e 638,3 mil em ETFs.

O Tesouro Direto registrou desempenho expressivo, fechando o período com 3 milhões de investidores — alta de 14% sobre os 2,7 milhões de um ano antes, o que representa um recorde para o segmento. O valor em custódia avançou 24%, de R$ 136,5 bilhões para R$ 169,9 bilhões, com mais de 70% desse montante concentrado em títulos Tesouro IPCA e Tesouro Selic.

Regionalmente, a maior parte dos investidores do Tesouro Direto está no Sudeste (1,8 milhão), seguida por Sul (464,4 mil), Nordeste (421,9 mil), Centro-Oeste (233,1 mil) e Norte (114 mil). Nos últimos cinco anos, os maiores crescimentos percentuais foram registrados no Nordeste (97%) e no Norte (94%).

Os produtos mais recentes, como o Tesouro RendA+ e o Educa+, também vêm ganhando espaço. O RendA+ já conta com 318,2 mil investidores, majoritariamente homens (71%), com concentração na faixa etária de 25 a 39 anos (47%). Já o Educa+ reúne 159,3 mil investidores, 64% homens e, em sua maioria, com idade entre 40 e 59 anos (41%).

O estudo da B3 também revela como os investidores se distribuem entre diferentes classes de ativos: 31% possuem apenas ações e outros 31% apenas crédito privado. Tesouro Direto sozinho é a escolha de 12% dos investidores, enquanto 10% combinam Tesouro Direto e ações, 7% aplicam em crédito privado e ações, 5% investem nos três segmentos e 3% têm carteira composta apenas por Tesouro Direto e crédito privado.

Esse avanço na renda fixa reforça a tendência de busca por segurança e previsibilidade em um cenário de juros altos, ao mesmo tempo em que a renda variável segue ganhando espaço de forma mais gradual.

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