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Pix gera economia de R$ 106,7 bilhões e impulsiona competitividade, aponta estudo

Cálculo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) aponta que impacto foi de R$ 18,9 bilhões somente no primeiro semestre de 2025

Desde que entrou em operação, em novembro de 2020, o Pix — sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central — já proporcionou uma economia estimada em R$ 106,7 bilhões para empresas e consumidores brasileiros até junho de 2025. O dado é do Movimento Brasil Competitivo (MBC), entidade que reúne lideranças empresariais e representantes da sociedade civil em prol de soluções estratégicas para o desenvolvimento econômico do País.

O levantamento atribui esse ganho a dois fatores principais: a substituição das transferências via TED, que podem incluir tarifas, por operações Pix; e o aumento de pagamentos no comércio por Pix no lugar de cartões de débito, que impõem taxas aos lojistas. Embora as transações Pix para empresas possam ter custo, o estudo destaca que essa taxa é “significativamente inferior” à cobrada em operações como TED.

Com base em informações do Banco Central, o MBC comparou o custo médio de operações anteriores à implementação do Pix com os valores efetivamente pagos após sua adoção. A diferença representa a economia acumulada. Somente no primeiro semestre de 2025, a redução de gastos foi de R$ 18,9 bilhões, ritmo mais acelerado que o observado nos anos anteriores. A projeção é de que a economia anual possa chegar a R$ 40,1 bilhões até 2030, se o nível de adesão ao sistema se mantiver.

Para Rodolpho Tobler, economista do MBC e responsável pela pesquisa, o impacto é direto:

“O efeito é duplo: por um lado, há menos TEDs sendo feitas; por outro, mais pessoas estão pagando empresas com Pix em vez de débito. Ambos os movimentos representam redução de custo real para o sistema.”

O Pix, que já superou o dinheiro como meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, segue em expansão de funcionalidades. Entre as novidades já implementadas estão o Pix Saque, o Pix Troco e o Pix Automático. No horizonte, estão o Pix parcelado e o Pix com garantia.

O sucesso do sistema também chamou atenção internacional. Em julho, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) abriu investigação contra o Brasil, a pedido do presidente Donald Trump. Embora o Pix não tenha sido citado nominalmente, o comunicado apontou possíveis “vantagens desleais” em serviços de pagamento eletrônico oferecidos pelo governo.

Para Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do MBC, a ferramenta trouxe ganhos estruturais ao sistema financeiro:

“É uma solução de política pública que reduziu custos, ampliou a eficiência e melhorou o ambiente de negócios no Brasil. Ao medir esse impacto, mostramos que inovação pode, sim, gerar competitividade e ganhos diretos para empresas e cidadãos.”

O estudo também ressalta efeitos indiretos, como incentivo à formalização de pequenos negócios e aumento da inclusão financeira. Contudo, o MBC propõe um debate sobre a governança futura do Pix, hoje concentrada no Banco Central, que atua como operador e regulador. Embora essa centralização tenha garantido segurança e alcance nacional, a entidade questiona se o modelo é sustentável a longo prazo e defende discussões sobre neutralidade, inovação contínua e sustentabilidade operacional.

A análise ainda compara o Pix a sistemas internacionais como o indiano UPI, o britânico Faster Payments Service e o sueco Swish, destacando que, globalmente, é raro um único órgão acumular as funções de regulador e operador do sistema de pagamentos.

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