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Galípolo diz que BC não pode “se emocionar” com dados pontuais e defende meta de 3% para inflação

Galípolo afirma que BC não pode se guiar por dados pontuais e defende meta de 3% para inflação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (27) que a autoridade monetária não pode “se emocionar” com um dado isolado da economia e precisa ter convicção antes de tomar decisões. Segundo ele, a função de reação do BC deve ser distinta da de agentes de mercado, que costumam reagir de forma imediata a cada divulgação de indicador. A declaração foi dada em São Paulo, durante participação em evento da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Galípolo destacou que o BC tem como objetivo perseguir o centro da meta de inflação, de 3% ao ano, e que a banda de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo serve apenas como amortecedor diante de choques inesperados. “Se você fala que aceita uma inflação de 4,5%, a sensação do mercado é de que o BC não busca 3%, mas sim 4,5%. Nesse caso, qualquer surpresa faria a inflação estourar esse patamar, o que significaria uma moeda menos bem defendida e mais propensa à desvalorização”, afirmou.

O dirigente também comentou a dinâmica das expectativas inflacionárias. Ele observou que tanto as projeções de mercado quanto as do próprio BC estão fora da meta para 2026 e 2027. Por isso, explicou, a autoridade monetária interrompeu o ciclo de cortes de juros e iniciou um movimento de elevação da Selic até alcançar um nível considerado restritivo com mais segurança. Galípolo lembrou ainda que a política monetária trabalha sempre com horizonte móvel, olhando para a inflação projetada 18 meses à frente.

Outro ponto levantado foi a relação entre política fiscal e desempenho da economia. Galípolo ressaltou que, apesar da manutenção de um cenário de déficit público elevado, houve revisões para cima nas projeções de crescimento do PIB. “Se pegarmos as pesquisas, houve revisões do PIB, mas não do tamanho do déficit esperado nem da relação dívida/PIB”, destacou.

Ele também chamou atenção para a resiliência do mercado de trabalho, mesmo com os juros elevados. Segundo Galípolo, o Brasil registra atualmente o menor nível de desemprego da série histórica e a maior renda média do trabalhador. “Mesmo com a taxa de juros restritiva, a economia segue mostrando força, puxada principalmente pelo mercado de trabalho”, concluiu.

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