O Banco do Brasil (BB) liderou a lista de estatais federais que mais pagaram bônus a seus funcionários em 2025. Segundo dados enviados ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI), a instituição distribuiu participações nos lucros e resultados (PLR) que chegaram a R$ 372,8 mil por empregado, valor que se tornou o maior entre as empresas públicas do país.
A bonificação, referente ao desempenho de 2024, teve um valor médio integral de R$ 52 mil, aumento de 5,6% em relação ao ano anterior. O BB registrou lucro líquido de R$ 38 bilhões no período, o que impulsionou os repasses. Apesar do resultado recorde, 2025 começou com cenário mais desafiador para o banco, alimentando especulações políticas em torno da presidência de Tarciana Medeiros, sob interesse do centrão.
O BB destacou que a PLR reconhece o desempenho dos empregados e segue práticas de mercado. “O pagamento é composto por uma parcela fixa e outra variável, que considera o lucro alcançado. Trata-se de modelo adotado nos últimos anos”, informou em nota.
Mas o Banco do Brasil não foi o único a distribuir cifras elevadas. Ao menos seis estatais pagaram bônus acima de R$ 100 mil a parte de seus empregados. Entre elas estão BNDES, Emgea, PPSA e ENBPar, algumas controladas por dirigentes próximos ao governo Lula (PT).
No BNDES, a PLR média foi de R$ 141,3 mil, com teto de R$ 304,5 mil, alta de 8,8% frente a 2024. O banco ressaltou que o pagamento correspondeu ao lucro obtido e ao atingimento de metas estratégicas, como determina a Lei das Estatais.
A PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.), que comercializa a parcela de petróleo da União nos contratos de partilha, pagou pela primeira vez bônus a seus 68 empregados, em valores entre R$ 22,3 mil e R$ 30,9 mil. O repasse ocorreu após a estatal registrar arrecadação recorde de R$ 10,3 bilhões em 2024, alta de 71% em relação ao ano anterior.
Na Emgea (Empresa Gestora de Ativos), comandada pelo ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG), o bônus triplicou em um ano. Os valores ficaram entre R$ 16,6 mil e R$ 68,5 mil, com média de R$ 32,6 mil. O presidente recebeu R$ 57,9 mil. O resultado foi sustentado por lucro de R$ 570 milhões, 128% maior que em 2023, puxado pela arrecadação com o FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais).
Já a ENBPar (Empresa Nacional de Participações em Energia Nuclear e Binacional), que controla a Eletronuclear e a fatia brasileira de Itaipu, pagou bônus entre R$ 27 mil e R$ 87,9 mil, com média de R$ 54,2 mil. O valor cresceu mesmo com queda de 26% no lucro líquido, que fechou 2024 em R$ 308,1 milhões. O repasse beneficiou nomes ligados a políticos, como Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci, que recebeu R$ 87,6 mil — mais que o dobro do bônus do ano anterior.
Especialistas ressaltam que, embora o pagamento de PLR em estatais não configure irregularidade, os valores elevados chamam atenção pelo uso de recursos e ativos públicos. Em alguns casos, como na ENBPar, o custo da PLR subiu quase 30%, mesmo com queda nos lucros e desafios bilionários, como o passivo da obra de Angra 3.