Depois de pouco mais de cinco meses de análise, o Banco Central (BC) decidiu reprovar a operação de aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). O negócio, anunciado em 28 de março, previa que o BRB assumisse parte dos ativos do Master, mas dependia da autorização do órgão regulador, que negou o pedido.
Em fato relevante, o BRB confirmou o desfecho: “Diante do indeferimento do Bacen, o Contrato será rescindido de acordo com seus termos e condições”. O Banco Master não se manifestou até o momento.
A decisão seguiu o voto do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias de Brito Gomes, que apontou fragilidades na operação. A análise havia reduzido o escopo do acordo: inicialmente, o BRB pretendia absorver cerca de R$ 48 bilhões em ativos, mas o número caiu para R$ 23,9 bilhões após a exclusão de parte significativa da carteira do Master, considerada de alto risco.
A operação sempre foi vista no mercado como um socorro ao Master, que cresceu de forma agressiva oferecendo CDBs de alta rentabilidade e direcionando recursos para ativos pouco líquidos, como precatórios, direitos creditórios e ações de empresas em dificuldade. Esse modelo foi classificado por especialistas como desequilibrado e arriscado.
Nos últimos dias, a análise da operação foi acompanhada de forte pressão política.
Parlamentares do centrão e da oposição chegaram a articular a votação urgente de um projeto que daria ao Congresso o poder de demitir diretores e o presidente do Banco Central, em uma tentativa de emparedar a autoridade monetária.
Com o veto à transação, crescem as especulações de que o Banco Master possa ser alvo de intervenção direta do BC, o que incluiria o afastamento de seus gestores e a nomeação de um interventor. A decisão caberá ao diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino dos Santos.