Com o encerramento da safra de inverno, agosto se consolida como um momento estratégico para o planejamento financeiro no campo. É nesta época que muitos agricultores avaliam os resultados da safra, reorganizam o fluxo de caixa e buscam alternativas de alongamento de crédito — uma medida que deve ser adotada como forma de evitar a recuperação judicial (RJ).
Segundo dados da Serasa Experian, o setor registrou 389 pedidos de RJ no primeiro trimestre de 2025, um crescimento de 21,5% em relação ao trimestre anterior e de 44,6% na comparação anual. No entanto, apesar de prevista em lei, a recuperação judicial não deve ser tratada como primeira opção em caso de endividamento.
“A recuperação judicial é uma medida extrema. Antes de chegar a esse ponto, existem alternativas viáveis para reequilibrar a operação, com menos desgaste, menor custo e impacto direto na continuidade da atividade”, afirma Victor Lemos Cardoso, head comercial da Agree.
Entre os principais fatores que vêm pressionando a saúde financeira do campo estão margens reduzidas, custos elevados e maior exigência de garantias por parte dos credores. Nesse contexto, o alongamento da dívida ou uma renegociação, quando bem conduzida, possibilita cumprir com as obrigações financeiras sem comprometer o próximo ciclo produtivo.
Buscar orientação especializada tem sido decisivo para muitos produtores que enfrentam dificuldades financeiras. A Agree, por exemplo, tem atuado diretamente na reestruturação de crédito do agro. “Nosso papel é ajudar o agricultor a encontrar o modelo de crédito ideal, considerando a realidade do negócio. Mais do que oferecer uma nova linha, o foco está em redesenhar o perfil da dívida, trazendo sustentabilidade para a atividade”, reforça Cardoso.
Existem diferentes caminhos para reorganizar as finanças antes da judicialização. Confira abaixo quatro alternativas amplamente utilizadas:
- Prorrogação de parcelas: indicada em casos pontuais, como quebra de safra ou atrasos no recebimento, permite estender o vencimento das parcelas sem alterar profundamente a operação;
- Reestruturação da dívida: envolve revisão completa dos contratos — prazos, juros, carência e garantias — recomendada quando o fluxo de caixa já não cobre os compromissos e há risco para a continuidade da atividade;
- Acesso a mercado de capitais: permite substituir dívidas bancárias por operações estruturadas, mais flexíveis e com prazos ampliados, indicada para produtores que precisam de um volume considerável de crédito e garantias disponíveis;
- Acordos extrajudiciais: negociações diretas com credores para revisar condições de pagamento, recomendadas quando ainda há abertura para diálogo e disposição mútua de evitar litígios.