O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a cautela no mercado de juros futuros nesta terça-feira (9). Investidores temem que o processo possa levar os EUA a adotar novas medidas de retaliação, como já ocorreu em julho, quando o presidente dos EUA Donald Trump impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros citando o caso.
As taxas curtas dos DIs encerraram em alta, sustentadas também pela expectativa em torno do IPCA de agosto, a ser divulgado nesta quarta-feira (10), e pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries. No fim da tarde, o DI para janeiro de 2027 marcava 13,965% (alta de 4 pontos-base), e o de 2028, 13,275% (alta de 3 pontos). Já os contratos longos recuaram levemente: o de 2032 fechou em 13,595% e o de 2035 em 13,67%.
“Os investidores estão um pouco apreensivos, porque a qualquer momento pode surgir alguma medida de retaliação dos EUA”, afirmou Luciano Rostagno, estrategista da EPS Investimentos, lembrando que o relator Alexandre de Moraes votou pela condenação de Bolsonaro e outros sete réus.
Rostagno destacou ainda que, embora o IPCA-15 de agosto tenha registrado deflação, a queda veio abaixo do esperado e a inflação de serviços segue pressionada, o que mantém atenção sobre os próximos dados.
No exterior, os Treasuries ampliaram ganhos durante toda a sessão, reforçando a pressão sobre os juros locais. O rendimento do título de 10 anos avançava a 4,08% no fim da tarde. Nesse ambiente, a curva precificava em 98% a manutenção da Selic em 15% na reunião do Copom da próxima semana.