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Mercosul assina acordo com Efta em meio a pressão de tarifaço dos EUA

Parceria do Mercosul vai envolver mercado comum de 300 milhões de pessoas e PIB de US$ 4,3 trilhões

O Mercosul formaliza nesta terça-feira (16) um acordo comercial com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A cerimônia, marcada para o Rio de Janeiro, ocorre no momento em que o Brasil sente os primeiros impactos da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e enquanto cresce a expectativa pela decisão da União Europeia sobre o tratado com o Mercosul.

As negociações entre Mercosul e Efta tiveram início em 2017 e foram concluídas em julho deste ano. O tratado cria um mercado que alcança cerca de 300 milhões de consumidores e movimenta um PIB conjunto de aproximadamente US$ 4,3 trilhões. Embora seja menor do que o mercado potencial do acordo Mercosul-União Europeia, estimado em US$ 22 trilhões, a parceria com o Efta é considerada estratégica para setores como o industrial e o pesqueiro, que terão tarifas zeradas, além da ampliação de cotas para exportações de carnes, milho, café, mel, frutas e sucos.

O acordo não se limita ao comércio de bens e serviços. Ele abrange ainda propriedade intelectual, medidas sanitárias e fitossanitárias, além de regras de concorrência. Em 2024, a corrente de comércio de bens entre Brasil e Efta somou US$ 7,14 bilhões, representando 1,22% do total brasileiro. Os destaques incluem as vendas de ouro para a Suíça e óxido de alumínio para Noruega e Islândia, enquanto os europeus exportaram principalmente medicamentos, fertilizantes e pescado. Já no setor de serviços, a corrente de comércio somou US$ 3,19 bilhões no ano passado.

Especialistas avaliam que o acordo abre portas, mas alertam para a necessidade de maior aproximação entre empresários. “O tratado é positivo e traz oportunidades em ambos os lados, mas é preciso intensificar a relação cultural e comercial com os países do Efta. Participação em feiras e rodadas de negócios será essencial”, afirma Mario Cordeiro, professor da UERJ.

Mesmo com a assinatura, o foco do governo brasileiro permanece voltado para a União Europeia. O acordo, em negociação desde 1999, depende agora de aprovação por maioria qualificada no Conselho Europeu e maioria simples no Parlamento Europeu. Negociadores brasileiros admitem que as resistências de França, Polônia e Itália podem atrasar ou até inviabilizar o processo. Ainda assim, a expectativa é de votação até o fim do ano.

Paralelamente, o governo Lula intensificou esforços para reduzir os efeitos do tarifaço americano e ampliar mercados para os produtos brasileiros. Estão em andamento tratativas com China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Canadá, México e Emirados Árabes Unidos para compensar as perdas com os Estados Unidos, onde as exportações caíram 18,5% em agosto, apesar do aumento de 3,9% no total de vendas externas brasileiras.

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