O cenário de enfraquecimento do dólar no mercado internacional tem contribuído para a valorização do real e levou o Itaú Unibanco a revisar sua projeção para a inflação deste ano. O banco agora espera que o IPCA feche 2025 em 5,0%, ligeiramente abaixo dos 5,1% estimados anteriormente, considerando que a moeda americana termine o ano cotada a R$ 5,35, contra R$ 5,50 projetados na leitura anterior.
Segundo relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, o balanço de riscos para a inflação está levemente assimétrico para baixo. O Itaú aponta que os preços de alimentos podem ficar menos pressionados, seja pela reversão mais lenta do ciclo pecuário ou por menores custos de produtos in natura. Além disso, a apreciação cambial pode abrir espaço para cortes nos preços da gasolina nas refinarias.
Por outro lado, a instituição vê risco adicional no setor elétrico. A redução do volume de chuvas aumenta a possibilidade de acionamento da bandeira tarifária amarela ou vermelha no fim do ano, o que teria impacto direto nas contas de energia e poderia elevar o IPCA. Para 2026, o banco manteve sua projeção de inflação em 4,4%.
No campo da atividade econômica, o Itaú preservou as estimativas de crescimento do PIB em 2,2% para 2025 e 1,5% para 2026, mas com viés de baixa no primeiro caso. O indicador de alta frequência referente ao segundo trimestre sinaliza expansão de apenas 0,2% na margem, abaixo da expectativa inicial de 0,3%.
O relatório também destacou riscos relacionados ao mercado de crédito, citando o efeito de curto prazo do IOF e a evolução mais lenta que a prevista do crédito consignado privado e para aposentados do INSS. Apesar disso, o banco vê um viés de alta associado a possíveis medidas de estímulo fiscal em ano eleitoral, que poderiam impulsionar a atividade.