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BTG alerta para pressão nas margens do e-commerce brasileiro com avanço da concorrência

BTG Pactual avalia que margens do e-commerce no Brasil estão sob pressão diante da disputa acirrada

O BTG Pactual avalia que o setor de comércio eletrônico no Brasil entrou em uma nova fase, marcada pela intensificação da concorrência e pela pressão sobre a rentabilidade das plataformas. Segundo relatório da equipe de analistas liderada por Luiz Guanais, o ciclo recente de foco em monetização abriu espaço para um cenário em que empresas precisam investir pesadamente em logística, subsídios e aquisição de clientes para se manter competitivas.

O banco destaca que a taxa média de comissão (take rate) tem apresentado alta. No caso da Shopee, que chegou ao Brasil com taxas entre 5% e 7%, hoje opera em um patamar de 14% a 20%. O Mercado Livre, que cobrava 14%, elevou sua comissão para até 19%, ao mesmo tempo em que ampliou descontos em frete, sobretudo em pedidos de baixo valor. Já a Amazon seguiu caminho inverso em algumas categorias, reduzindo taxas de comissão para melhorar a rentabilidade unitária de itens de menor ticket.

Em meio à disputa, o TikTok Shop tem se consolidado como um competidor relevante no Brasil, atraindo vendedores com comissões reduzidas e explorando sua plataforma de mídia para alavancar vendas. Estima-se que o marketplace já movimente cerca de US$ 1 milhão por dia no país, número que reforça a sua rápida ascensão.

Os analistas também chamam atenção para o crescimento dos agregadores, como iFood e Rappi, que ampliam a fragmentação do setor, sobretudo em categorias de consumo recorrente e baixo valor. Um exemplo citado é a decisão do Mercado Livre de reduzir o valor mínimo para frete grátis de R$ 79 para R$ 19, medida que pode reduzir em até 10% o lucro anual da companhia, mas que tem como objetivo fortalecer a fidelidade de seus clientes no longo prazo.

Para os próximos anos, o BTG projeta que o e-commerce no Brasil deve crescer em média 16% ao ano até 2027, com destaque para a maior penetração em segmentos como higiene, vestuário e medicamentos. Ao mesmo tempo, a consolidação do setor deve se acelerar, beneficiando as empresas com maior capitalização e capacidade de sustentar altos investimentos em logística e aquisição de clientes, o que pode redesenhar a dinâmica competitiva do mercado.

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