O levantamento mais recente da Elos Ayta mostra que 12 ações negociadas na B3 acumularam valorização superior a 100% em 2025 até 2 de outubro, um desempenho muito acima do Ibovespa, que no mesmo período avançou 19,68%. O dado revela que, mesmo em um ano de recuperação ainda instável, uma pequena parcela de empresas conseguiu entregar retornos extraordinários, evidenciando os setores e estratégias que se destacaram no mercado de capitais.
Em um universo de mais de 400 ações listadas, apenas 12 dobraram de preço no ano — e 10 delas fazem parte do índice Small Caps (SMLL), tradicionalmente composto por empresas de menor valor de mercado e com maior potencial de crescimento. Esse dado reflete o apetite do investidor por risco e assimetria de valor, com uma clara preferência por empresas em ciclos de expansão e reprecificação, em vez dos grandes nomes tradicionais do Ibovespa.
Do total, três ações integram o Ibovespa, duas estão no IDIV (índice de dividendos) e outras duas não pertencem a nenhum índice de referência, reforçando o padrão cíclico dos mercados: quando há retomada, investidores tendem a buscar oportunidades fora do radar, em ativos mais descontados.
O setor de incorporações imobiliárias lidera a lista, com cinco representantes entre as campeãs de valorização: Helbor (HBOR3), Moura Dubeux (MDNE3), Tenda (TEND3), Lavvi (LAVV3) e Cury (CURY3). O desempenho expressivo dessas companhias é resultado da reprecificação de ativos fortemente descontados, combinada à adaptação ao ciclo imobiliário de juros ainda elevados, mas com demanda resiliente por imóveis e melhora operacional.
Outro destaque é o setor de educação, que coloca três empresas no ranking: Cogna (COGN3), Ser Educacional (SEER3) e Ânima (ANIM3). O setor passa por transformação digital acelerada, impulsionada pelo ensino à distância e pela redução de custos operacionais, fatores que ampliaram margens e atraíram o interesse de investidores em busca de crescimento sustentável.
Os demais setores representados incluem minerais metálicos, energia elétrica, aluguel de veículos e varejo de vestuário, indicando que as oportunidades não se concentraram em apenas um segmento.
A Cogna (COGN3) lidera isoladamente o ranking com alta de 197,76%, refletindo a confiança na retomada de resultados após anos de reestruturação e desalavancagem. Na sequência, aparecem a Helbor (HBOR3), com +178,91%, e a Aura 360 (AURA33), com +173,44%, beneficiada pela valorização dos metais preciosos no mercado internacional. Moura Dubeux (MDNE3) e Ser Educacional (SEER3) completam o top 5, com +168,52% e +150,69%, respectivamente.
Outros destaques incluem Movida (MOVI3), com alta de 146,60%, impulsionada pela retomada do setor de locação de veículos, e Serena (SRNA3), que subiu 124,55%, beneficiada pela melhora das margens e resultados consistentes no setor elétrico.
Entretanto, a euforia vem acompanhada de riscos. Algumas dessas ações apresentam baixa liquidez, o que pode gerar maior volatilidade e spreads mais amplos nas negociações. A Helbor (HBOR3), por exemplo, movimenta em média R$ 3,1 milhões por dia, volume considerado baixo para investidores institucionais. A Ser Educacional (SEER3) e a Lavvi (LAVV3) também têm negociações diárias modestas, com R$ 5,6 milhões e R$ 6,5 milhões, respectivamente.
A diferença entre o desempenho dessas ações e o do Ibovespa mostra uma característica estrutural da Bolsa em 2025: o mercado segue concentrado em poucas oportunidades. Enquanto o índice reflete grandes empresas de commodities, bancos e estatais, o alfa — o ganho acima do mercado — está em empresas menores, inovadoras ou em recuperação operacional.
O levantamento da Elos Ayta reforça um aprendizado clássico: os maiores retornos raramente estão nas ações mais populares. Em 2025, o prêmio ficou com quem buscou valor onde poucos estavam olhando — nas Small Caps, em setores em transformação e em empresas saindo de bases de preço deprimidas.
Se a tendência se mantiver até dezembro, essas 12 ações poderão encerrar o ano com um dos melhores desempenhos da década, mostrando como a seleção criteriosa de ativos segue sendo o diferencial decisivo para transformar um bom ano de Bolsa em um ano excepcional de ganhos.