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Banco Master paga R$ 200 milhões em CDBs e tenta evitar intervenção do BC

Após empréstimo de R$ 4 bilhões do FGC e sem captar desde março, Banco Master busca liquidez

O Banco Master conseguiu honrar cerca de R$ 200 milhões em CDBs com vencimento nesta segunda-feira (6), segundo informações apuradas pelo Valor Econômico. O pagamento era acompanhado de perto pelo mercado financeiro, que temia que a instituição não tivesse liquidez suficiente para cumprir seus compromissos, diante da delicada situação financeira vivida pelo banco.

O vencimento foi inicialmente noticiado pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, e gerou apreensão entre investidores e analistas, já que o Master não realiza novas captações desde março e recentemente precisou recorrer ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O empréstimo emergencial de quase R$ 4 bilhões, tomado junto ao fundo, foi rolado e venceu na semana passada, elevando as dúvidas sobre a capacidade de pagamento da instituição.

Desde o início da crise, em março, quando foi anunciado o acordo de venda ao Banco de Brasília (BRB) — posteriormente barrado pelo Banco Central —, o Master teria honrado cerca de R$ 10 bilhões em dívidas, segundo fontes próximas à negociação.

O balanço anual de 2024 do grupo apontava R$ 16,07 bilhões em passivos a vencer em 2025, sendo R$ 7,66 bilhões apenas no primeiro semestre. O banco, porém, ainda não divulgou os resultados do primeiro semestre deste ano, cujo prazo de entrega se encerrou em 30 de setembro.

Na última sexta-feira (4), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se reuniu em São Paulo com a diretoria do FGC, em encontro que havia sido adiado desde o dia 30. A reunião ocorreu em meio à incerteza sobre o futuro do Master e as possibilidades de intervenção ou reestruturação supervisionada pela autoridade monetária.

Enquanto tenta evitar uma intervenção do BC, o controlador Daniel Vorcaro segue em uma ofensiva para levantar liquidez. Duas semanas atrás, ele vendeu a seguradora Kovr, e agora busca comprador para o Will Bank, uma das principais empresas do grupo.

Segundo apuração do Pipeline, site de negócios do Valor, o Master contratou a Laplace Finanças para assessorar a venda do Will Bank, ativo considerado estratégico.

Uma fonte próxima às negociações afirmou que “qualquer venda de ativo reduz a exposição do FGC ao banco, o que tende a aumentar a disposição do fundo em negociar uma saída coordenada para a crise”.

O mercado acompanha de perto os desdobramentos, já que o Master se tornou o maior caso de estresse de liquidez bancária desde o colapso da Americanas, em 2023, e pode se transformar em um teste para a atuação do FGC e do BC em crises de médio porte no sistema financeiro nacional.

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