O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (6) que o objetivo da instituição é manter a inflação em um nível tão baixo que não interfira nas decisões econômicas da população. A declaração foi feita durante evento promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), em São Paulo, onde o dirigente reforçou o compromisso da autoridade monetária com a meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional.
“O papel do Banco Central é garantir que a inflação seja tão baixa que as pessoas não precisem pensar nela ao tomar decisões. Quanto mais previsível for o ambiente, melhor para a economia e para o país”, afirmou Galípolo.
O presidente do BC defendeu ainda a independência institucional da política monetária, destacando que o desempenho da autarquia não deve depender de quem ocupa a presidência do órgão, mas sim de sua estrutura e arcabouço legal.
“Tão melhor será para o país quanto as decisões do Banco Central dependerem mais do arcabouço legal e institucional, e menos de quem está sentado lá. O BC vai perseguir sua meta e fazer o seu trabalho. Se vai receber gritos ou elogios, isso deveria ser cada vez menos relacionado à personalidade. Quanto menos a gente souber quem é o Copom, melhor será para o país”, disse.
Galípolo também comentou sobre a condução da política monetária e a necessidade de compreender os efeitos defasados dos juros sobre a economia. Usando uma metáfora médica, ele comparou o processo de ajuste monetário a um tratamento de longo prazo.
“Ninguém toma uma cartela de antibiótico no primeiro dia. É preciso entender como o paciente reage ao tratamento, ter humildade nesse processo e, ao mesmo tempo, não interromper o remédio nos primeiros sinais de melhora”, explicou.
A fala reforça a linha adotada pela atual gestão do Banco Central, que busca calibrar a política de juros de forma gradual e técnica, evitando movimentos bruscos que possam desestabilizar o ciclo econômico.
Galípolo, que assumiu o comando do BC em um contexto de transição institucional e de expectativa por cortes graduais na Selic, tem reiterado que a meta de estabilidade de preços permanece o pilar central da política monetária brasileira, e que a autonomia da instituição é fundamental para garantir previsibilidade e confiança nos mercados.