Destaque
DestaqueEconomiaNotícias

Caixa anuncia R$ 40 bilhões adicionais para financiamento de imóveis

Em meio à pressão por demissões de indicados políticos, banco se prepara para ampliar financiamento para a classe média

O governo federal decidiu concentrar esforços em um eleitorado estratégico para as eleições de 2026: a classe média. Atendendo a um pedido direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Caixa Econômica Federal anunciou um pacote de medidas para ampliar o crédito habitacional voltado a esse público. A principal mudança é a elevação do limite de financiamento de imóveis residenciais, que passa de 70% para 80% do valor total, além da expansão do teto de preço para R$ 2,25 milhões por meio do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

As medidas fazem parte de uma estratégia política e econômica do governo para recuperar popularidade entre famílias de renda média, consideradas decisivas no pleito presidencial. Segundo o presidente da Caixa, Carlos Vieira, a instituição deverá liberar cerca de R$ 40 bilhões em novos créditos imobiliários ao longo dos próximos 12 meses, o que representará uma das maiores injeções de recursos no setor em anos. “Nosso guidance para 2025 é de aproximadamente R$ 70 bilhões no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). É um volume significativo, sem contar a participação de outros bancos”, afirmou.

Com a mudança, a Caixa também pretende fortalecer sua posição no mercado imobiliário, tradicionalmente dominado por instituições privadas quando se trata de imóveis voltados à classe média e alta. A expectativa é de que o novo modelo impulsione o total de financiamentos no país, que deverá alcançar R$ 52,4 bilhões adicionais em apenas um ano. O banco estatal responderá por cerca de três quartos desse montante.

O plano prevê ainda a liberação gradual de todo o depósito compulsório ao longo dos próximos dois anos, o que permitirá à Caixa expandir sua carteira de crédito de forma sustentável. “Estamos em uma fase de transição. No fim de 2026, será feita uma avaliação completa e o novo modelo será implantado de forma definitiva”, explicou Vieira.

A ampliação do crédito habitacional ocorre em meio a tensões políticas no governo. Recentes demissões na Caixa, articuladas pelo Palácio do Planalto, foram interpretadas como retaliação a partidos do Centrão que não apoiaram pautas econômicas no Congresso. Mesmo nesse contexto, Vieira — indicado ao cargo pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) — sinalizou que permanecerá à frente da instituição. “Eu não entreguei meu aviso de férias. Posso até entregar. Mas não entreguei”, declarou.

A aposta do governo no crédito imobiliário como instrumento de estímulo à economia e à popularidade política se soma a outras medidas voltadas ao poder de compra das famílias, como ajustes no programa Minha Casa, Minha Vida e na política de juros do crédito habitacional. O objetivo é criar condições mais favoráveis de acesso à moradia e, ao mesmo tempo, ampliar a base de apoio de Lula entre os eleitores de classe média urbana — um segmento que foi decisivo nas últimas eleições e que tende a definir o desfecho do pleito de 2026.

Postagens relacionadas

1 of 517