Apesar da piora das contas públicas e do déficit em conta corrente, os ativos brasileiros devem seguir se beneficiando do ambiente internacional favorável, impulsionados pela queda dos juros nos Estados Unidos e pela maior diversificação dos portfólios globais. Segundo a Monte Bravo, essa tendência tende a permanecer ao menos até o início da campanha eleitoral de 2026, quando a percepção sobre a trajetória fiscal e a dívida passará a ter peso maior na precificação dos mercados.
O ciclo de cortes do Federal Reserve reforçou o otimismo global. Em setembro, a autoridade monetária reduziu a taxa básica para 4,00%–4,25% ao ano e sinalizou novas quedas, o que sustentou altas nas bolsas americanas e valorização de ativos de risco. O ambiente de juros mais baixos, dólar enfraquecido e baixa volatilidade dos Treasuries deve continuar favorecendo países emergentes como o Brasil nos próximos meses.
Refletindo esse movimento, o Ibovespa avançou 3,4% em setembro, impulsionado pelo aumento do apetite global por risco. Ainda assim, a incerteza fiscal doméstica limitou ganhos maiores ao elevar o prêmio de risco e conter a expansão dos múltiplos de valuation. A Monte Bravo mantém sua projeção de que o índice alcance 150 mil pontos até o fim de 2025 e 175 mil pontos em 12 meses.
No cenário interno, a corretora prevê que o Banco Central só começará a cortar a Selic em 2026, diante de uma combinação de inflação mais controlada e desaceleração econômica. Mesmo assim, alerta para a vulnerabilidade criada pelos déficits gêmeos — fiscal e externo —, que aumentam o risco de crises cambiais, fuga de capitais e perda de confiança.
A situação lembra o período pré-crise do segundo governo Dilma Rousseff, com déficit nominal próximo de 8% do PIB, déficit em conta corrente de 3,5% e dívida projetada para subir de 71,7% em 2022 para até 85% em 2026. Com as eleições se aproximando, o debate sobre a sustentabilidade fiscal será decisivo: estabilizar a dívida exigiria um superávit primário de 2,5% do PIB, bem acima do déficit atual de cerca de 1%. (Com MoneyTimes)