A gestora Pátria Investimentos anunciou o fechamento da captação de seu quinto fundo de infraestrutura, o Pátria Infraestrutura V, que levantou R$ 15,4 bilhões (cerca de US$ 2,9 bilhões), consolidando-se como o maior fundo voltado ao setor já criado na América Latina. A operação reflete o crescente interesse de investidores globais em projetos de longo prazo na região, que ainda enfrenta um grande déficit em infraestrutura.
Segundo André Sales, sócio-gerente da Pátria e CEO da divisão de infraestrutura, o valor captado representa um salto significativo em relação ao fundo anterior, de R$ 10 bilhões, criado em 2020. Com mais de R$ 266 bilhões em ativos sob gestão, a gestora já alocou cerca de R$ 40 bilhões em projetos de infraestrutura e investiu em mais de 30 empresas nos últimos anos, com foco em Brasil, Chile e Colômbia. Os setores contemplados incluem rodovias, data centers, dessalinização, energia renovável e mobilidade elétrica.
Com base na estrutura de financiamento típica desses empreendimentos — cerca de 75% via project finance — o Pátria Infraestrutura V tem potencial para movimentar até R$ 60 bilhões em investimentos na região. A gestora afirma que boa parte dos investidores que participaram dos fundos anteriores voltou a aportar recursos nesta rodada, agora acompanhados por novos investidores vindos da Ásia, Europa, Estados Unidos e América Latina. Entre eles estão fundos soberanos, fundos de pensão, endowments, seguradoras e instituições financeiras internacionais.
Os fundos de infraestrutura do Pátria têm ciclos de investimento de três a cinco anos e duração média de 12 anos entre o aporte e a saída. Os fundos Pátria II e III já foram totalmente desinvestidos, e o IV deve iniciar a retirada de capital gradualmente a partir de 2026. Essa estratégia inclui a venda de participações após a maturação dos projetos — como ocorreu com a concessionária de rodovias Entrevias, cuja participação de 45% foi vendida ao fundo soberano GIC de Cingapura, e com a Odata, empresa de data centers criada em 2015 e vendida à americana Aligned Data Centers por US$ 1,8 bilhão.
A nova captação levou um ano e meio e enfrentou desafios decorrentes do ambiente global. Segundo Felipe Pinto, sócio do Pátria e chefe de desenvolvimento de fundos de infraestrutura, o perfil de longo prazo dos investidores exige atenção a fatores como inflação, estabilidade institucional e segurança regulatória. Ele destaca que a demanda por infraestrutura na América Latina é de cerca de US$ 100 bilhões anuais, o que reforça o espaço para expansão.
A trajetória do Pátria acompanha a evolução do setor na região: de projetos privados e não regulados, a gestora passou a investir também em concessões e em infraestrutura digital. Pinto afirma que segmentos como rodovias no Brasil e na Colômbia já são considerados maduros e bem regulados, enquanto áreas como saneamento avançaram significativamente nos últimos 15 anos.
O foco do Pátria Infraestrutura V também inclui setores estratégicos com alta perspectiva de crescimento nos próximos anos, como data centers, transição energética, descarbonização e infraestrutura climática. Um dos exemplos citados é um projeto de dessalinização no Chile voltado ao uso industrial e agrícola, demonstrando a diversificação das frentes de atuação da gestora.









