O Ministério da Fazenda, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ainda aguardam a apresentação de um plano de recuperação detalhado e consistente por parte dos Correios antes de avançar nas negociações para um empréstimo de R$ 20 bilhões destinado a reestruturar a estatal. A operação de socorro é tratada com cautela pelo governo, que considera o projeto apresentado até agora genérico e insuficiente para assegurar que a empresa consiga se recuperar com os novos recursos.
Nesta semana, os Correios anunciaram a intenção de obter o financiamento bilionário com garantia do Tesouro Nacional. O dinheiro seria usado para cumprir obrigações de curto prazo e financiar um plano de reestruturação interna. O Banco do Brasil e a Caixa estudam participar da operação, que também poderá contar com instituições privadas. Como o Tesouro será avalista, eventuais inadimplências seriam cobertas pela União.
A exigência por um plano sólido é vista como condição essencial para que a operação saia do papel, segundo fontes do governo e do mercado financeiro ouvidas pelo Estadão. O objetivo é evitar que os recursos se tornem um repasse sem retorno, caso a empresa não apresente medidas concretas capazes de reverter sua situação financeira.
Para técnicos da Fazenda, o aval do Tesouro deve funcionar como um “risco de cauda”, ou seja, um instrumento acionado apenas em situações extremas e imprevisíveis, como crises financeiras globais, pandemias ou recessões abruptas — e não como uma garantia automática de cobertura de perdas. Por isso, a estatal precisa comprovar que tem capacidade de recuperação por meio de medidas estruturais e estratégias de aumento de receita.
Até o momento, os Correios não formalizaram o pedido de aval junto ao Tesouro, o que mantém a operação em compasso de espera. Nem a Fazenda, nem os bancos estatais ou a própria estatal quiseram se manifestar oficialmente sobre o andamento das negociações.