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Debêntures, CRIs e CRAs crescem 26% e atraem investidores institucionais

Mercado secundário de crédito privado cresce e reflete apetite por operações maiores e mais sofisticadas no Brasil

O mercado de crédito privado brasileiro registrou um novo recorde no terceiro trimestre deste ano. Segundo levantamento da Pop BR, precificadora de ativos da LUZ Soluções Financeiras, a movimentação de debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) somou R$ 327 bilhões entre julho e setembro. O resultado representa um aumento de 21% em relação ao segundo trimestre e de 26% na comparação com o mesmo período de 2024.

O volume recorde foi acompanhado por um crescimento expressivo no número de operações. No trimestre, foram registradas cerca de 1,2 milhão de negociações no mercado secundário — ambiente onde investidores compram e vendem papéis já emitidos —, alta de quase 10% em relação ao trimestre anterior. Desse total, 592,4 mil foram operações com debêntures, 372,5 mil com CRAs e 238,8 mil com CRIs.

O destaque ficou com o aumento médio de papéis por negociação, especialmente nas debêntures. No segundo trimestre, cada operação envolvia cerca de 3.300 papéis. No terceiro, esse número saltou para 5.600. Para Aruã Torigoe Kalmus, analista da Pop BR e responsável pelo estudo, esse movimento indica uma retomada da atuação de investidores institucionais, que tendem a realizar menos transações, porém com volumes significativamente maiores e estratégias mais sofisticadas.

Embora pessoas físicas possam investir diretamente nesses produtos, o mercado de crédito privado exige conhecimento técnico mais aprofundado. A análise envolve avaliar risco de crédito, garantias, estrutura da operação, fluxo de pagamentos e cláusulas contratuais. Além disso, identificar se o preço de negociação representa uma oportunidade real requer experiência e acesso a informações detalhadas — por isso, muitos investidores preferem acessar esse mercado por meio de fundos especializados.

Debêntures, CRIs e CRAs são instrumentos de dívida emitidos por empresas ou securitizadoras para financiar diferentes tipos de atividades econômicas. No caso das debêntures, companhias captam recursos diretamente com investidores para projetos como expansão de fábricas ou lançamento de novos produtos. Já os CRIs e CRAs são emitidos por securitizadoras com lastro em recebíveis do setor imobiliário e do agronegócio, transformando dívidas como duplicatas ou notas promissórias em títulos negociáveis garantidos por ativos como imóveis ou equipamentos.

O recorde de movimentação mostra que o mercado secundário de crédito privado está cada vez mais consolidado como alternativa de investimento no Brasil. Com volumes crescentes, maior participação de investidores institucionais e operações mais robustas, o segmento se firma como uma das principais opções de diversificação de portfólio e de financiamento para empresas fora do sistema bancário tradicional.

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