Dois dias após o Grupo Ambipar anunciar seu pedido de recuperação judicial, o Bradesco ingressou com uma ação na Justiça de São Paulo pedindo a restrição da transferência de bens do diretor de integração e finanças da companhia, Thiago da Costa e Silva. A 18ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado acatou o pedido, impedindo a alienação de patrimônio em meio à investigação sobre as dívidas do grupo.
O banco cobra R$ 390 milhões e afirma que os executivos da Ambipar devem ser responsabilizados pessoalmente pelos valores, sob a alegação de fraude contábil e abuso de personalidade jurídica. A ação foi apresentada pelo escritório Warde Advogados, que sustenta que a estrutura societária do grupo teria sido usada de forma indevida, em um contexto de confusão patrimonial e desvio de finalidade.
No processo, o Bradesco traça uma linha do tempo da crise da empresa, desde o anúncio, em julho, de um caixa de R$ 4,7 bilhões até a solicitação de recuperação judicial em razão de uma dívida de apenas R$ 60 milhões com o Deutsche Bank. “De forma absolutamente inusitada, o conglomerado ambiental ingressou com a cautelar preparatória de recuperação judicial, pedindo socorro judicial em razão de uma obrigação tida com o Deutsche Bank da ordem – e essa é a parte mais impressionante – de apenas R$ 60 milhões”, diz um trecho do documento.
Para os advogados, o contraste entre o caixa bilionário anunciado e a incapacidade de quitar o débito em tão curto prazo aponta para duas hipóteses: ou o dinheiro “foi drenado em um intervalo de dois meses” ou “nunca existiu e as demonstrações financeiras da companhia foram ostensivamente fraudadas”.
O processo ainda faz referência a um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), apontado como o possível veículo de irregularidades. Segundo a ação, o maior cedente dos recebíveis é a empresa Everest Participações e Empreendimentos S/A, controlada por Tércio Borlenghi Jr., fundador da Ambipar, e por seu filho, Guilherme Borlenghi, diretor operacional do grupo.
Com a decisão, a Justiça paulista impediu qualquer movimentação de bens por parte do diretor financeiro, em uma medida preventiva que pode abrir caminho para novas ações envolvendo outros executivos da companhia.










