A agenda econômica de 27 a 31 de outubro de 2025

Com poucos dados econômicos de grande impacto e atenções voltadas à política internacional, a última semana de outubro será dominada pela agenda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A viagem do líder americano à Ásia, onde se reunirá com chefes de Estado, tende a concentrar as atenções dos mercados globais.

Trump inicia a semana na Malásia, durante a Cúpula da Asean, onde deve se encontrar com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no domingo (26). O encontro ainda não aparece na agenda oficial da Casa Branca, mas deve tratar da relação comercial entre os dois países, especialmente a retirada das tarifas de 50% sobre exportações brasileiras e o fim das sanções aplicadas a autoridades nacionais.

O ponto alto da viagem será na quinta-feira (30), quando Trump se reúne com o presidente chinês Xi Jinping durante a cúpula da Apec, na Coreia do Sul. A reunião ocorre após meses de tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo e deve discutir as tarifas recíprocas e uma possível trégua. Analistas consideram que um acordo entre os dois países poderia reduzir a volatilidade dos mercados e estimular o apetite ao risco, enquanto um impasse tenderia a provocar correção nos índices acionários, que atingiram máximas históricas nos Estados Unidos.

Além da pauta internacional, os investidores acompanham a reunião do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira (29), que deve resultar em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. O mercado aposta em novos cortes nas reuniões de dezembro e janeiro, e aguarda também um possível cronograma para o encerramento do programa de redução do balanço do Fed, o chamado quantitative tightening, que tem retirado liquidez do sistema financeiro.

A paralisação parcial do governo norte-americano adiou a divulgação de dados importantes como o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre e o índice PCE, principal indicador de inflação monitorado pelo Fed.

Na Europa e na Ásia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ) realizam reuniões de política monetária na quinta-feira, com expectativa de manutenção das taxas atuais. O BCE deve sinalizar estabilidade até dezembro, enquanto o BoJ pode indicar um aperto gradual nas próximas reuniões.

Na América do Sul, a atenção se volta para a Argentina, que realiza eleições legislativas de meio de mandato no domingo. A expectativa do mercado é que o partido do presidente Javier Milei alcance cerca de 35% das cadeiras no Congresso. Um resultado inferior pode pressionar os ativos locais, enquanto um desempenho acima das projeções tende a impulsionar os preços.

No Brasil, o foco estará nos dados do mercado de trabalho de setembro. O governo divulgará o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) na quinta-feira e a taxa de desemprego, calculada pelo IBGE, na sexta-feira. Os números serão observados de perto para avaliar se o mercado de trabalho permanece aquecido ou começa a mostrar sinais de acomodação. Caso a taxa de desemprego suba e a massa salarial recue, as expectativas de inflação para 2027 podem se aproximar do centro da meta de 3%, reforçando a previsão de um primeiro corte da Selic na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom).