Promotores italianos determinaram a apreensão de cerca de 1,3 bilhão de euros (aproximadamente US$ 1,5 bilhão) em ações pertencentes à holding Lagfin SCA, que controla a fabricante de bebidas Davide Campari-Milano NV. A medida faz parte de uma investigação conduzida pelo Ministério Público de Monza sobre suposta fraude fiscal relacionada à transferência de ativos para o exterior.
De acordo com o comunicado divulgado na sexta-feira (31), a Lagfin é suspeita de não ter pago o imposto de saída referente a cerca de 5,3 bilhões de euros (US$ 6,15 bilhões) em ganhos de capital gerados após a incorporação de uma subsidiária italiana que detinha a participação majoritária na Campari. A operação teria transferido, de forma efetiva, a gestão e a base tributária do grupo para fora da Itália, configurando, segundo os promotores, obrigação fiscal não cumprida.
A ordem de bloqueio foi executada pela polícia financeira italiana, que justificou a medida como necessária para garantir o valor da dívida fiscal alegada. O Ministério Público ressaltou, contudo, que todas as partes envolvidas são presumidas inocentes até uma decisão judicial definitiva.
A fabricante do icônico licor Campari, bem como das marcas Aperol e Wild Turkey, não está sob investigação direta. A empresa mantém sede em Milão e continua listada na bolsa italiana. Já a Lagfin, controlada pela família Garavoglia, detém 51% das ações da Campari por meio de sua estrutura no Luxemburgo.
Um porta-voz da Campari limitou-se a afirmar que o litígio fiscal não deve impactar as operações da companhia nem de suas subsidiárias.
O caso ocorre em meio ao aumento da fiscalização na Europa sobre corporações que utilizam reestruturações internacionais para fins de planejamento tributário. A Itália, em especial, tem intensificado o controle sobre empresas que transferem ativos valiosos para o exterior enquanto mantêm parte significativa de suas operações domésticas.









