O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, mas mudanças sutis no comunicado divulgado após a decisão indicaram maior conforto da autoridade monetária com o atual patamar de juros. A alteração de termos e tempos verbais levou o mercado a interpretar o texto como um sinal de que o próximo movimento poderá ser de corte.
No comunicado, o Copom trocou a expressão “seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente” por “avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente”. A mudança do verbo para o presente e a reposição da palavra “vigilante” em outro trecho foram interpretadas como indícios de maior convicção de que a taxa atual é adequada para conter a inflação.
O texto ainda reconhece progressos no arrefecimento da inflação subjacente e melhora nas projeções de preços para o horizonte relevante de política monetária, embora as estimativas ainda estejam acima da meta. A projeção de inflação para o segundo trimestre de 2027 foi reduzida de 3,4% para 3,3%.
No novo trecho, a expressão “vigilante” aparece apenas para indicar que o BC continuará monitorando riscos e poderá ajustar a política monetária “caso julgue apropriado”. Analistas apontam que, com a comunicação mais assimétrica, a chance de elevação dos juros ficou menor, enquanto crescem as expectativas de corte em 2026.
Desde a última alta da Selic, em junho, o BC vinha mantendo a postura de simetria, deixando em aberto movimentos em qualquer direção. Agora, a avaliação é de que o cenário favorece estabilidade por um período prolongado, mas com viés levemente baixista.









