A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais brasileiro, completa na próxima semana quatro meses sem presidente. A vaga está aberta desde julho, quando João Pedro Nascimento renunciou ao cargo. Desde então, o governo não avançou na escolha de um substituto, e o comando interino segue com os diretores da autarquia.
O motivo da demora é político. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tem um nome de preferência para ocupar o posto, mas avalia que o indicado enfrentaria resistência no Senado Federal. O impasse ocorre porque o Centrão também tem seu próprio candidato para presidir a autarquia, o que transformou a nomeação em mais um ponto de disputa entre o bloco político e a equipe econômica.
Diante da falta de consenso, o governo optou por adiar a decisão e manter a CVM sob comando interino. A estratégia, segundo interlocutores, é evitar um desgaste político adicional num momento em que o Palácio do Planalto busca preservar acordos no Congresso em torno de pautas econômicas prioritárias.
A indefinição prolongada preocupa agentes do mercado financeiro, que veem na CVM um órgão essencial para a estabilidade e a confiança dos investidores. O colegiado da autarquia segue em funcionamento, mas decisões estratégicas — como nomeações de superintendências e avanços em projetos regulatórios — dependem da presença de um presidente efetivo.
A CVM, vinculada ao Ministério da Fazenda, é responsável por supervisionar companhias abertas, auditores, fundos de investimento e intermediários do mercado de capitais. A ausência de um titular no comando, por período prolongado, é incomum e reflete o peso político da escolha, que precisa ser aprovada pelo Senado após indicação do Executivo.








