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Governo americano prepara redução de tarifas sobre café e produtos estrangeiros

Scott Bessent promete ações para baixar tarifas e conter preços de produtos como café e bananas nos Estados Unidos

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta quarta-feira (12) que o governo anunciará, nos próximos dias, medidas voltadas à redução dos preços de produtos importados, incluindo café e bananas. Segundo ele, as ações devem produzir efeitos rápidos e melhorar a percepção dos norte-americanos em relação à economia ainda no primeiro semestre de 2026.

Em entrevista à emissora Fox News, Bessent declarou que haverá “anúncios substanciais” para reduzir custos de bens consumidos no país, embora não tenha detalhado o conteúdo das medidas nem o prazo exato para a divulgação. A iniciativa ocorre um dia após o presidente Donald Trump afirmar, em entrevista à Fox, que pretende reduzir algumas tarifas aplicadas sobre o café, produto fortemente impactado pela sobretaxa de 50% imposta desde agosto.

Trump afirmou que a medida é parte de um esforço para reduzir o custo de vida nos Estados Unidos, destacando que o governo agirá de forma “rápida e cirúrgica” para aliviar os preços. O café brasileiro, responsável por cerca de um terço do consumo americano, é um dos principais alvos dessa política.

De acordo com dados da International Trade Administration, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os EUA em 2024, seguido pela Colômbia, com US$ 1,48 bilhão. No entanto, as tarifas têm causado desaceleração no setor, provocando acúmulo de cargas paradas e alta de até 40% no preço do café no varejo norte-americano. O impacto é perceptível também entre torrefadoras e importadores, que têm registrado dificuldades logísticas e custos elevados.

Os efeitos da sobretaxa se intensificaram em setembro, quando o preço do café no varejo dos EUA teve a maior alta mensal em mais de duas décadas, com avanço de 3,6%. Em outubro, o produto estava, em média, 19% mais caro que no mesmo período do ano anterior.

As negociações para aliviar as tarifas começaram em outubro, durante o encontro entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Malásia. O governo brasileiro espera que uma eventual redução dos encargos ajude a recuperar as exportações do setor, que registraram queda de 24,7% entre janeiro e setembro de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), os Estados Unidos reduziram em mais de 50% suas importações do café brasileiro em setembro, adquirindo 332 mil sacas e caindo para a terceira posição no ranking mensal de destinos, atrás de Alemanha e Itália.

O impacto também atingiu os cafés especiais, cujo embarque aos EUA recuou 67% após a adoção das tarifas. As vendas mensais, que giravam em torno de 150 mil sacas, caíram para 50 mil. Esses produtos de maior valor agregado — cujas sacas de 60 quilos ultrapassam R$ 3.000 — são exportados principalmente para estados como Califórnia, Nova York e Oregon.

Além dos efeitos comerciais, o setor cafeeiro enfrenta pressões climáticas. Desde 2020, o Brasil vem registrando secas recorrentes que reduziram a produção, ampliando o desequilíbrio entre oferta e demanda global. O preço do café arábica subiu quase 40% desde agosto, enquanto o robusta, usado em cafés instantâneos, aumentou cerca de 37%. O Brasil, responsável por quase 40% da produção mundial, continua sendo o principal exportador global.

As medidas anunciadas por Trump e antecipadas por Bessent podem representar um alívio temporário aos consumidores americanos e uma oportunidade de recuperação para os exportadores brasileiros, embora ainda não haja cronograma definido para as alterações tarifárias.

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