O Citi rebaixou a recomendação do Banco do Brasil de compra para neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 29 para R$ 23, após interpretar o resultado do terceiro trimestre como um sinal de que a recuperação operacional deve demorar mais que o previsto.
Segundo os analistas, a revisão das projeções para 2025 — com lucro estimado até R$ 3 bilhões menor — e dados mais fracos de qualidade de ativos reforçam a piora do cenário. A estatal reduziu sua estimativa de lucro para o próximo ano para a faixa entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, surpreendendo o mercado.
Para o Citi, os efeitos positivos da renegociação de dívidas rurais — amparada pela MP 1.314, que autoriza a reestruturação de R$ 12 bilhões em débitos — só devem aparecer de forma consistente em 2026. O CFO do BB, Geovanne Tobias, explicou que muitos produtores preferiram esperar para aderir às condições especiais, o que contribuiu para o aumento da inadimplência no terceiro trimestre.
O banco também aponta deterioração na carteira de pessoa física, que agora se soma às pressões já existentes no agronegócio e em pequenas e médias empresas. Os atrasos de 30 e 90 dias entre consumidores avançaram 30 e 40 pontos-base, impulsionados principalmente pelo salto da inadimplência nos cartões de crédito. Parte desse movimento, segundo o Citi, reflete a piora financeira dos próprios produtores rurais, que também têm operações de varejo no banco.
Outro ponto de preocupação é a queda contínua do índice de cobertura, mesmo com o aumento das despesas com provisões. Para o Citi, isso indica que novos créditos problemáticos continuam acelerando, o que pode obrigar o Banco do Brasil a reforçar provisões adicionais nos próximos trimestres.
Com a menor visibilidade para 2025, a instituição avalia que a tese de recuperação rápida perdeu força — razão pela qual o potencial de valorização de BBAS3, agora de apenas 2,8%, tornou-se insuficiente para sustentar a recomendação de compra.








