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Correios detalham plano de reestruturação e buscam crédito de R$ 20 bilhões com garantia da União

TCU monitora plano dos Correios e participação do Tesouro em crédito sem precedentes

O plano de reestruturação dos Correios, apresentado ao Tribunal de Contas da União, projeta uma operação de crédito de R$ 20 bilhões garantida pelo Tesouro Nacional, valor superior a qualquer outro aval concedido pela União a estatais, Estados ou municípios nos últimos quinze anos. A proposta foi levada ao TCU pelo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o comando da empresa em setembro e pediu acompanhamento prioritário do tribunal diante da situação financeira considerada crítica.

O tribunal informou que suas unidades técnicas passarão a monitorar tanto a execução do plano quanto o eventual envolvimento de bancos públicos e privados na operação de crédito. O objetivo é verificar o cumprimento das regras legais e assegurar que os recursos sejam aplicados de forma transparente e eficiente. O tema integra a Lista de Alto Risco do TCU, o que implica atenção reforçada por parte da Corte.

Os números recentes explicam a preocupação. Nos dois primeiros trimestres de 2025, os Correios acumularam prejuízo de R$ 4,37 bilhões, ampliando a sequência de resultados negativos iniciada em 2022 e agravados pela atual gestão. A operação de crédito, caso aprovada, seria a maior já registrada entre 2010 e 2025, período em que o Tesouro atestou 767 empréstimos internos e 407 operações externas para diferentes entes federativos, nenhum deles próximo do montante solicitado pela estatal.

Além do financiamento, o plano inclui medidas de redução de custos, entre elas a implementação de um novo Programa de Desligamento Voluntário e a venda de imóveis considerados ociosos. Outra frente em estudo envolve a possibilidade de integração operacional com empresas privadas de entrega. A proposta prevê que a estatal reduza sua atuação em grandes centros, utilizando a infraestrutura de empresas concorrentes nesses mercados, enquanto manteria a entrega em áreas remotas do país, como previsto em sua obrigação de universalização.

O TCU seguirá acompanhando os próximos passos, especialmente a estruturação da operação de crédito e as contrapartidas exigidas pelo Tesouro, que condiciona o aval a medidas concretas de saneamento da empresa.

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