A crise envolvendo o Banco Master provocou novos desdobramentos nesta terça-feira, 18, quando o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo por determinação judicial. A decisão ocorre no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar suspeitas relacionadas às negociações e à situação financeira do Master, resultando na prisão do controlador da instituição, Daniel Vorcaro, e de outros diretores do grupo. Segundo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), Costa está atualmente nos Estados Unidos.
A operação da PF foi desencadeada poucas horas após o anúncio de que um consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira pretendia adquirir o Banco Master, negócio que também incluiria investidores dos Emirados Árabes Unidos. O acordo previa um aporte inicial de 3 bilhões de reais com o objetivo de reforçar a estrutura de capital do Master, que enfrenta dificuldades desde o ano passado. A venda, porém, ainda dependia de avaliações regulatórias do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Na manhã desta terça-feira, o Banco Central anunciou a liquidação extrajudicial do Banco Master e da Master SA Corretora de Câmbio, medida que interrompe todas as operações e encerra qualquer possibilidade de continuidade da negociação anunciada pelo consórcio comprador. Além disso, o BC determinou a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores, ampliando o escopo das ações de resposta à situação da instituição. A liquidação ocorre após avalições de que o modelo de negócios do Master apresentava desequilíbrios significativos e riscos excessivos para o sistema financeiro.
O afastamento de Paulo Henrique Costa insere o BRB diretamente no conjunto de questionamentos que rondam o Master. O dirigente conduziu, no ano passado, a tentativa do próprio Banco de Brasília de adquirir o Master, transação que acabou rejeitada pelo Banco Central em setembro. A negativa ocorreu sob o argumento de que o desenho operacional e as fragilidades de capital do Master contrariavam parâmetros prudenciais. A PF apura agora se houve irregularidades nas negociações envolvendo essa ou outras tratativas.
Costa está no comando do BRB desde 2019, período em que liderou uma série de iniciativas de expansão geográfica e modernização de serviços do banco público. A instituição, criada em 1964 para atuar como agente de desenvolvimento do Distrito Federal, mantém hoje operações comerciais, de câmbio, de crédito imobiliário e de desenvolvimento regional. O BRB é uma sociedade de economia mista, com o Governo do Distrito Federal detendo 71,92% das ações, e possui agências em diversas unidades da federação, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraíba.
Até o momento, o banco não se pronunciou oficialmente sobre o afastamento de seu presidente. As investigações seguem em andamento, e tanto a liquidação do Master quanto as medidas judiciais relacionadas ao BRB devem gerar novos desdobramentos no setor financeiro nos próximos dias.









