A liquidação extrajudicial do Banco Master trouxe novamente ao centro do debate os vínculos da instituição com gestoras de investimentos investigadas na Operação Carbono Oculto, deflagrada para desarticular um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Documentos divulgados ao mercado mostram que o Master mantinha relações comerciais com a Reag Investimentos e com a Trustee DTVM, administradoras ligadas a operações financeiras associadas ao banco e mencionadas na investigação.
Em comunicado de setembro de 2025, após a deflagração da operação, a Reag Investimentos confirmou que o fundo Hans 95 negociou Certificados de Depósito Bancário do Banco Master. A gestora afirmou que as operações estavam dentro do padrão histórico de investimentos do fundo e que apenas uma de suas controladas possuía responsabilidade sobre a gestão do veículo, que integra um universo de mais de 330 fundos com patrimônio total de R$ 225 bilhões. A empresa destacou que os recursos dos fundos não se confundem com o patrimônio das gestoras e pertencem exclusivamente aos cotistas.
A Trustee DTVM, por sua vez, era responsável pela administração dos fundos da Master Asset Management, braço de gestão de recursos do grupo. A empresa foi alvo da Operação Carbono Oculto sob suspeita de aquisição e ocultação de bens ligados ao grupo investigado. Em resposta, a Trustee informou ter renunciado previamente à administração dos fundos suspeitos, alegando desconformidades cadastrais e afirmando manter processos de diligência considerados rigorosos. A gestora negou vínculos pessoais com os investigados.
Na ocasião da operação, o Banco Master afirmou que a Reag atuava apenas como prestadora de serviços, assim como outros administradores contratados para funções específicas relacionadas a fundos de investimento. A instituição enfatizou não ter participação societária, gerencial ou decisória nas gestoras investigadas.
Segundo informações da Receita Federal reveladas ao longo das investigações, o grupo criminoso alvo da Operação Carbono Oculto chegou a controlar cerca de 40 fundos, que juntos movimentavam aproximadamente R$ 30 bilhões. Para as autoridades, o uso de fintechs e fundos era parte da estratégia para ocultar patrimônio e movimentar valores sem origem comprovada.
A atuação das gestoras voltou a ser mencionada após o Banco Central decretar, na última terça-feira, a liquidação extrajudicial do Banco Master. A decisão citou grave crise de liquidez e violações relevantes às normas do sistema financeiro como justificativas para a intervenção. A medida encerrou a operação da instituição e colocou seus ativos sob administração de liquidante nomeado pelo regulador, interrompendo negociações em andamento com potenciais compradores.









