Os frigoríficos brasileiros começaram a suspender a produção de carne destinada aos Estados Unidos após o anúncio da tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras. A informação foi confirmada nesta terça-feira (15) por Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), após reunião com representantes do Governo Federal. A entidade representa cerca de 98% das exportações de carne bovina do país.
“Com essa taxação se torna inviável a exportação de carne bovina aos Estados Unidos, que é o nosso segundo maior comprador, atrás apenas da China”, declarou Perosa. Segundo ele, aproximadamente 30 mil toneladas de carne bovina já produzidas estão atualmente nos portos ou a caminho do mercado norte-americano, o que representa de US$ 150 milhões a US$ 160 milhões em produtos já embarcados ou prontos para envio.
A Abiec propôs ao governo federal a negociação de uma prorrogação da data de início da nova tarifa, prevista para 1º de agosto. O argumento da entidade é que existem contratos vigentes que não podem ser desfeitos em tão curto prazo. Atualmente, as exportações brasileiras já enfrentam uma taxação média de 36%. Com os 50% adicionais, a operação se tornaria economicamente inviável.
Perosa também destacou que o Brasil exerce papel complementar à produção de carne dos EUA, que vive o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos. O país exporta majoritariamente cortes do dianteiro bovino — pouco consumidos no mercado interno brasileiro, mas essenciais para a indústria americana de hambúrgueres. Segundo ele, essa relevância estratégica deve ser considerada nas negociações entre os dois países.
