A agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito de longo prazo da Argentina, tanto em moeda estrangeira quanto local, de Caa3 para Caa1. A mudança reflete os avanços promovidos pelo governo de Javier Milei, incluindo a liberalização cambial, a redução dos controles de capital e o novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A perspectiva, antes positiva, foi ajustada para estável.
Segundo a Moody’s, essas reformas ampliaram a liquidez e reduziram as pressões externas de financiamento, diminuindo a probabilidade de um evento de crédito negativo. A agência projeta crescimento de 4% para a economia argentina em 2025, com desaceleração para 3,5% em 2026, mas ressalta que ainda há riscos relevantes no cenário econômico.
A avaliação destaca que a política fiscal mais equilibrada rompe com o histórico argentino de déficits financiados pelo banco central, indicando uma possível recuperação econômica mais sustentável. A Moody’s também afirma que a desmontagem de distorções cambiais tem melhorado o funcionamento dos mercados locais e, até o momento, a transição para o novo regime não provocou instabilidade significativa.
A economia do país voltou a crescer nos últimos três meses de 2024, após seis trimestres seguidos de retração anual. Para a Moody’s, a continuidade das reformas estruturais poderá abrir caminho para novas elevações na nota soberana, especialmente se houver aumento das reservas internacionais por meio de fluxos de capital não atrelados a endividamento.
A agência também avalia que o apoio popular às políticas de ajuste e a proximidade das eleições legislativas podem fortalecer o mandato político do governo para avançar com sua agenda econômica.
Por outro lado, alerta que choques políticos ou econômicos que comprometam a estabilidade macroeconômica, bem como pressões na balança de pagamentos ou escassez de moeda estrangeira, podem levar a um rebaixamento.
Apesar da melhora na classificação, a Moody’s reconhece que a Argentina ainda enfrenta dificuldades no acesso ao financiamento externo, em razão de reservas internacionais limitadas e entraves ao investimento. A nota Caa1 reflete essas fragilidades, embora a agência destaque uma maior previsibilidade na condução da política econômica e a redução da intervenção estatal.
A diferença de três níveis entre o teto da moeda local e a nota soberana sinaliza um avanço institucional, ainda que pressionado por incertezas no balanço externo. Já a distância de apenas um nível entre os tetos da moeda local e estrangeira demonstra maior eficácia das políticas atuais, apesar da baixa abertura da conta de capital.
Outra agência internacional, a Fitch, também elevou a nota da Argentina em maio, de CCC para CCC+, citando recuperação econômica e desinflação acima das expectativas, impulsionadas por mudanças recentes na política cambial. No entanto, também alertou para o baixo nível de reservas internacionais.