O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste domingo (27) a assinatura de um acordo comercial com a União Europeia que reduz pela metade as tarifas aplicadas a diversos produtos do bloco. A alíquota, antes prevista em 30%, cairá para 15% e abrangerá itens como automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. No entanto, setores como aço e alumínio continuarão sujeitos à sobretaxa de 50%.
O anúncio foi feito após encontro de Trump com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia. O acordo prevê ainda investimentos de US$ 600 bilhões da União Europeia nos Estados Unidos e inclui compromissos de compra de energia e equipamentos militares norte-americanos. “O acordo com a União Europeia é o maior já feito”, disse Trump durante coletiva de imprensa.
Von der Leyen destacou que o pacto abrange todos os setores e ajudará a reequilibrar o comércio bilateral. Segundo ela, o entendimento “cria certeza em tempos incertos, proporciona estabilidade e previsibilidade”. O acordo também estabelece tarifa zero para produtos considerados estratégicos, como aeronaves, peças, determinados produtos químicos e medicamentos genéricos. O setor de bebidas alcoólicas ficou de fora do benefício.
Antes de entrar em vigor, o tratado precisará ser aprovado pelos 27 Estados-membros do bloco europeu, que devem se reunir ainda neste domingo para avaliar os termos. A negociação ocorre em meio à aproximação do prazo de 1º de agosto, data marcada para a retomada das tarifas ampliadas sobre importações, e após semanas de impasse entre Washington e Bruxelas.
O cenário comercial entre as partes vinha se deteriorando desde 2024, quando o déficit comercial dos EUA em relação à União Europeia alcançou US$ 235 bilhões. Washington argumenta que o superávit europeu em bens é compensado pelo saldo positivo norte-americano em serviços, mas Trump vinha cobrando mais acesso ao mercado europeu para produtos agrícolas e automóveis dos Estados Unidos.
O novo acordo representa uma vitória diplomática significativa para o governo Trump, pois soma-se a outros pactos firmados recentemente com Reino Unido, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Japão. Com os japoneses, por exemplo, foi fechado um compromisso de US$ 550 bilhões em investimentos e tarifas recíprocas de 15%, abaixo dos 25% anunciados inicialmente.
Antes da assinatura com a União Europeia, o presidente americano havia ameaçado impor uma tarifa de 30% sobre as importações do bloco, o que levou Bruxelas a preparar medidas de retaliação de 93 bilhões de euros (US$ 109 bilhões) em produtos americanos. Alguns Estados-membros chegaram a sugerir o uso do instrumento anti-coerção para atingir serviços norte-americanos em caso de fracasso das negociações.