A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir a comissária do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS), Erika McEntarfer, continuou repercutindo no domingo (3), com assessores econômicos da Casa Branca saindo em defesa do gesto. A medida, anunciada após a divulgação de um relatório de emprego que revisou para baixo os números de maio e junho em 258 mil vagas, provocou questionamentos sobre a credibilidade dos dados oficiais norte-americanos e aumentou a tensão entre o governo e o mercado.
Em entrevistas concedidas à imprensa, o representante de comércio Jamieson Greer afirmou à CBS que Trump tinha “preocupações reais” sobre a qualidade das estatísticas do BLS. Já Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, disse à Fox News Sunday que o presidente “está certo em pedir uma nova liderança” e que a decisão se baseia na necessidade de garantir confiança nos relatórios econômicos, especialmente após a forte revisão negativa divulgada na última sexta-feira.
Trump, por sua vez, voltou a criticar McEntarfer em suas redes sociais no domingo, acusando-a de falsificar números de emprego, embora não tenha apresentado provas que sustentem a alegação. O BLS, órgão responsável pela compilação de dados fundamentais como os índices de emprego e preços ao consumidor, explicou que revisões mensais são procedimentos comuns e decorrem de relatórios adicionais recebidos de empresas e órgãos governamentais, além do recálculo de fatores sazonais.
A agora ex-comissária reagiu à sua saída abrupta com uma publicação na plataforma Bluesky, classificando o período em que esteve no cargo como “a honra de sua vida” e elogiando o trabalho dos servidores do BLS. A demissão ocorre em meio a um cenário de instabilidade econômica, agravado pelas novas tarifas impostas por Trump a diversos parceiros comerciais, que já impactaram os mercados financeiros globais e alimentaram preocupações sobre o rumo da política econômica norte-americana.
Paralelamente, investidores acompanham outro ponto de tensão em Washington: a renúncia inesperada de Adriana Kugler ao conselho do Federal Reserve (Fed), que abriu uma vaga em um momento delicado para a instituição. A saída ocorre em meio a relações desgastadas entre Trump e a atual liderança do banco central, liderado por Jerome Powell, e levanta dúvidas sobre os próximos passos na condução da política monetária. Trump prometeu indicar um novo nome para o posto no Fed nos próximos dias, ao mesmo tempo em que sinalizou que pretende anunciar rapidamente o substituto de McEntarfer no comando do BLS.