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Trump pressiona China a quadruplicar compras de soja

A dois dias do fim da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, o presidente Donald Trump surpreendeu ao pedir publicamente que Pequim quadruplicasse suas compras de soja norte-americana. O apelo, feito no domingo (10) pela rede Truth Social, provocou uma disparada imediata nos preços da oleaginosa na Bolsa de Chicago, mas especialistas afirmam que o cenário é pouco provável.

Trump disse acreditar que a China está “preocupada com a escassez de soja” e que espera uma resposta rápida do governo Xi Jinping. O contrato mais negociado na CBOT chegou a subir 2,2% nesta segunda-feira (11), para US$ 10,09 o bushel (cerca de R$ 55,02). Apesar do entusiasmo inicial, analistas ressaltam que quadruplicar os embarques exigiria que quase toda a soja consumida pela China viesse dos EUA — um desafio logístico e comercial.

Hoje, o gigante asiático é o maior comprador mundial do grão, com importações de cerca de 105 milhões de toneladas em 2024, sendo menos de um quarto oriundo dos EUA e a maior parte do Brasil. Para Johnny Xiang, da consultoria AgRadar, não há viabilidade em um aumento tão abrupto.

A trégua tarifária firmada entre Pequim e Washington expira em 12 de agosto, embora Trump já tenha sinalizado a possibilidade de prorrogação por mais 90 dias. Não está claro se a compra adicional de soja é condição para essa extensão. Nos bastidores, Pequim ainda não adquiriu soja norte-americana para o quarto trimestre, e há indícios de que pode substituir parte da demanda por farelo de soja argentino, segundo a consultoria Trivium China.

No ano passado, os EUA exportaram 22,13 milhões de toneladas de soja para a China, enquanto o Brasil respondeu por 74,65 milhões de toneladas. Mesmo com a busca por novos compradores, nenhum mercado tem o peso chinês. Para produtores americanos, qualquer acordo que amplie vendas ao país asiático seria um fôlego importante diante das incertezas comerciais.

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