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Daniel Vorcaro negocia venda de R$ 1 bilhão em ativos para reforçar capital do Banco Master

Entre os interessados em ativos da família Vorcaro está o BTG Pactual, que em maio desembolsou R$ 1,5 bilhão para adquirir bens da holding familiar

O banqueiro Daniel Vorcaro prepara uma nova rodada de venda de ativos pessoais para injetar recursos no Banco Master. Pessoas próximas ao empresário afirmam que as negociações envolvem cerca de R$ 1 bilhão, incluindo a seguradora Kovr e participações em outras empresas. A operação ocorre paralelamente à análise, pelo Banco Central, da proposta de venda de uma fatia do Master ao BRB, banco estatal de Brasília. O processo, iniciado em março, quando o BRB anunciou interesse em adquirir 58% do Master, não é tratado com urgência, já que cada nova entrega de documentação reinicia o prazo de análise de 365 dias.

Entre os interessados em ativos da família Vorcaro está o BTG Pactual, que em maio desembolsou R$ 1,5 bilhão para adquirir bens da holding familiar. A venda direta de patrimônio se tornou uma estratégia para cumprir obrigações financeiras do banco, especialmente diante da demora na aprovação da operação pelo Banco Central. Embora a família Vorcaro considere o ritmo lento, técnicos da autoridade monetária avaliam que o andamento é compatível com a complexidade do negócio.

Enquanto isso, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) liberou uma linha de R$ 1 bilhão para ajudar o Master a honrar compromissos com Letras Financeiras. O aporte pessoal de Vorcaro teria a função de sinalizar ao FGC e ao BC o comprometimento com a instituição. O Master, que cresceu rapidamente nos últimos anos, construiu seu modelo de negócios com captação agressiva via CDBs de alta remuneração — protegidos pelo FGC — e aplicação de recursos em ativos de baixa liquidez, como precatórios, direitos creditórios e ações de empresas em dificuldade.

Essa estratégia gerou questionamentos de especialistas e fez com que a venda ao BRB fosse vista como uma espécie de “resgate” por parte de um banco público. As instituições, contudo, afirmam que a operação se baseia em sinergias, destacando o interesse do BRB na carteira de crédito consignado de servidores estaduais via cartão. Desde o anúncio, os presidentes das duas instituições têm se reunido no Banco Central para detalhar informações e esclarecer dúvidas da área responsável pela autorização.

A decisão final cabe ao diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias de Brito Gomes, cujo parecer será submetido à diretoria colegiada. Se houver divergência, o processo retorna à análise da área técnica. Cada envio de novos documentos, incluindo correções (“erratas”), reinicia o prazo de 365 dias, reduzindo a pressão por uma conclusão rápida.

Em outra frente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a transação, alegando que Master e BRB são instituições de médio porte e não representam riscos à concorrência. Em agosto, o Banco Central autorizou um aumento de capital de R$ 1 bilhão no Master, elevando o total para R$ 4,763 bilhões — o segundo reforço do mesmo valor neste ano. As injeções de capital fazem parte das exigências do BRB para viabilizar a aquisição de ativos do Master.

Também em agosto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras do FGC, com o objetivo de reduzir incentivos a práticas consideradas de risco excessivo. Embora a medida não cite nominalmente o Banco Master, apurações indicam que foi um recado direto ao mercado para evitar a repetição do modelo de negócios adotado pela instituição.

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