A inflação oficial do Brasil registrou alta de 0,26% em julho, abaixo da previsão do mercado financeiro, que esperava um avanço próximo de 0,35%, segundo dados do IBGE. O resultado veio levemente acima do registrado em junho, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia subido 0,24%. No acumulado de 2025, a inflação chega a 3,26%, enquanto o avanço em 12 meses atinge 5,23%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O maior peso no índice segue vindo da energia elétrica residencial, que acumula alta de 10,18% entre janeiro e julho — a maior variação para o período desde 2018, quando alcançou 13,78%. A pressão decorre, principalmente, da vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, em vigor desde junho, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, além de reajustes tarifários aplicados por concessionárias.
O impacto é sentido de forma desigual pelo país. Em capitais como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, aumentos promovidos por distribuidoras contribuíram para elevar o índice de julho, enquanto no Rio de Janeiro uma redução nas tarifas de uma concessionária ajudou a amenizar a alta. O grupo Habitação, que inclui o item energia elétrica, avançou 0,91% no mês. Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, se a energia fosse excluída do cálculo, o índice geral de julho teria sido de apenas 0,15%.
Além da conta de luz, também pesaram no bolso do consumidor os reajustes nas tarifas de água e esgoto, que subiram 0,13% em média, com destaque para Salvador, Brasília e Rio Branco.
Apesar de a inflação em 12 meses estar acima do teto de 4,5% — considerando que a meta é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual —, as projeções do mercado têm apontado para um cenário de desaceleração. A expectativa é sustentada pela perda de ritmo da atividade econômica, impactada por uma taxa Selic elevada, atualmente em 15% ao ano.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (11) mostrou que economistas projetam alta de 5,05% para o IPCA em 2025, abaixo dos 5,17% estimados há um mês. A tendência reforça a percepção de que, embora itens como energia elétrica ainda exerçam forte pressão, a inflação pode encerrar o ano em patamar mais baixo do que se previa no início do semestre.