O banqueiro Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, negocia uma segunda linha de liquidez com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), estimada entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões, para assegurar o pagamento de CDBs após a conclusão da venda da instituição ao Banco de Brasília (BRB). A operação depende da análise final do Banco Central, que desde março examina os detalhes da transação.
O FGC já havia liberado em maio uma linha emergencial de até R$ 4 bilhões para garantir o fluxo de pagamentos durante a fase inicial de apreciação do negócio. A estratégia do Master foi justamente usar CDBs de alta remuneração, amparados pela cobertura do fundo, como forma de atrair investidores.
As negociações envolvem ainda uma reorganização societária que prevê a cisão do Voiter, que ficará sob comando de Augusto Lima, atual CEO do Master. Paralelamente, Vorcaro articula a venda da seguradora Kovr para seus gestores atuais com participação de fundos ligados ao PicPay, controlado pela J&F dos irmãos Batista. O Banco Master de Investimento continuará com cerca de R$ 46 bilhões em ativos que não serão incorporados pelo BRB, e que deverão ser vendidos para quitar compromissos com investidores. O BTG Pactual aparece como potencial interessado na compra desses ativos em operação privada, semelhante a outras já realizadas no mercado.
Fontes próximas às negociações afirmam que Vorcaro não descarta vender ativos em um volume que pode chegar a R$ 80 bilhões, por considerar que estão subavaliados. Entre eles, precatórios, pré-precatórios, participações em empresas e imóveis — parte já liquidada em maio em um acordo de R$ 1,5 bilhão com o BTG, que incluiu ações da Light, Méliuz e o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.
As discussões se intensificaram nesta semana: o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se reuniu em São Paulo com André Esteves, chairman do BTG, e também tinha encontro agendado com Joesley Batista, da J&F. Na quinta-feira (14), diretores do BC se encontraram com Vorcaro e Augusto Lima.
Com a venda da Kovr e de outros ativos, Vorcaro deve aportar cerca de R$ 1 bilhão na fatia do Master que será absorvida pelo BRB, reforçando a liquidez de um banco que desde o anúncio da transação enfrenta dificuldades de captação. O próprio BRB já dispõe de seguradora própria, o que inviabilizou a permanência da Kovr no conglomerado.
A demora na decisão do Banco Central tem alimentado incertezas entre executivos e parlamentares do Distrito Federal. Interlocutores próximos ao processo avaliam que o impasse prolongado “faz o banco sangrar” e aumenta o risco para o mercado. Se a operação for aprovada, Vorcaro ficará de fora do controle do Master-BRB, enquanto a liquidação de ativos continuará sendo a principal fonte de recursos para honrar compromissos.