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Correios ampliam prejuízo para R$ 2,64 bilhões no 2º trimestre

Correios registram prejuízo de R$ 2,64 bi no 2º tri e acumulam perdas de R$ 4,37 bi em 2025

Os Correios registraram um prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, valor quase cinco vezes maior que o resultado negativo de R$ 553,2 milhões em igual período de 2024. No acumulado do semestre, as perdas chegam a R$ 4,37 bilhões, triplicando o rombo de R$ 1,35 bilhão de um ano antes e acendendo o sinal de alerta sobre a sustentabilidade financeira da estatal.

Os números foram divulgados nesta sexta-feira (5) e confirmam o agravamento da crise enfrentada pela companhia, que já havia informado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a possibilidade de necessidade de aporte da União para evitar um colapso de caixa. Técnicos da equipe econômica reconhecem a gravidade, mas alegam que não há espaço fiscal para socorrer a empresa sem cortar outras despesas obrigatórias.

A queda de receitas e o aumento de custos explicam o rombo. A receita bruta de vendas e serviços somou R$ 4,4 bilhões entre abril e junho, queda nominal de 11,2% em relação ao ano anterior. O setor de encomendas se manteve estável, mas os serviços internacionais despencaram. Impactados pelo programa Remessa Conforme, que transferiu parte do fluxo de mercadorias importadas para operadores privados, os Correios viram suas receitas internacionais recuarem 63,6%, para R$ 422,1 milhões.

Do lado das despesas, houve forte pressão dos passivos judiciais. O gasto com precatórios alcançou R$ 1,2 bilhão no trimestre, alta de 812,6% em relação ao mesmo período de 2024. Os custos com pessoal também subiram 9,5%, chegando a R$ 2,8 bilhões, refletindo reajustes salariais e a retomada de gratificações previstas em acordos coletivos.

Para tentar enfrentar a crise, a estatal lançou um programa de demissão voluntária (PDV), que já teve adesão de 3.500 funcionários e pode gerar economia estimada em R$ 1 bilhão em 2026. Também iniciou a venda de imóveis e criou um marketplace para diversificar receitas. No entanto, a pressão sobre o caixa continua forte: só em 2025, os Correios já contrataram R$ 1,8 bilhão em novos financiamentos junto a bancos como BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil.

Mesmo assim, a estatal acumula um passivo crescente com fornecedores. Ao fim de junho, os compromissos somavam R$ 2 bilhões, o dobro do registrado em igual período de 2024. Desse montante, uma parte relevante corresponde a faturas em atraso, evidenciando a dificuldade da empresa em manter pagamentos em dia.

O cenário é de fragilidade crescente. Em julho, o presidente da companhia, Fabiano Silva dos Santos, chegou a entregar carta de demissão, mas sua saída ainda não foi formalizada. O cargo, alvo de disputas políticas, permanece indefinido em meio a um quadro de sucessivos prejuízos e incertezas sobre o futuro da estatal.

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