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Copom deve manter Selic em 15% e sinalizar juros altos por período prolongado, dizem analistas

Copom deve manter Selic em 15% e reforçar mensagem de juros altos por período prolongado, apesar de sinais de arrefecimento da economia

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (17) e deve manter a taxa Selic em 15% pela segunda vez consecutiva. A decisão, já dada como certa por todas as 118 casas financeiras consultadas pelo Valor, reflete a estratégia de preservar o caráter contracionista da política monetária para garantir a convergência da inflação à meta de 3% ao ano, mesmo diante de sinais de arrefecimento da atividade econômica.

Embora as expectativas de inflação tenham mostrado leve melhora desde julho e o câmbio tenha se valorizado cerca de 3%, economistas afirmam que o Copom deve adotar um tom conservador no comunicado. A avaliação predominante é de que o Banco Central pode retirar a menção sobre a possibilidade de retomar altas de juros, decretando oficialmente o fim do ciclo de aperto monetário. Ainda assim, deve reforçar a ideia de que os juros permanecerão elevados por um “período bastante prolongado”.

Rafael Cardoso, economista-chefe do banco Daycoval, acredita que o comunicado trará poucas alterações. Para ele, os dados mais recentes estão em linha com os objetivos do BC, mas a autarquia deve evitar sinalizar cortes antes do necessário. Roberto Secemski, do Barclays, compartilha dessa visão e projeta que a comunicação passará a destacar o início de um ciclo de manutenção. “A forma de empacotar a mensagem deve migrar de uma interrupção do ciclo de alta para a entrada no período de estabilidade prolongada”, afirma.

Apesar da deflação do IPCA em agosto, a composição dos preços segue preocupando analistas. A inflação de serviços intensivos em mão de obra acelerou para 6,3% no acumulado de 12 meses, o maior nível em 27 meses, enquanto métricas de núcleo, como o índice EX-3, voltaram a subir, atingindo 5,4% — maior patamar em dois anos. Esses indicadores sugerem que a convergência da inflação para o centro da meta será lenta e exigirá cautela do Copom.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, ressalta que, mesmo com a melhora parcial das expectativas, a desancoragem da inflação ainda preocupa. Já Vitor Martello, da Parcitas Investimentos, avalia que o BC deve buscar mais clareza ao definir o que significa “bastante prolongado”, indicando que a taxa pode permanecer em 15% até março ou abril de 2026. A projeção da gestora é de manutenção até abril, com cortes apenas no segundo trimestre.

No mercado, as apostas para o início da flexibilização monetária se concentram entre janeiro e março. A expectativa mais recorrente é de que o primeiro corte seja de 0,25 ponto percentual, seguido de ajustes graduais até que a Selic encerre 2026 em torno de 11,5% a 12%. Até lá, o Banco Central deve seguir reforçando sua estratégia de paciência, na tentativa de consolidar as expectativas de inflação e preservar a credibilidade conquistada.

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