A manutenção da Selic em 15% mantém o Brasil com o segundo maior juro real do mundo, a 9,51%, segundo levantamento da MoneYou e Lev Intelligence liderado pelo economista-chefe Jason Vieira. O ranking é liderado pela Turquia, com 12,34%, enquanto Rússia (4,79%), Colômbia (4,38%) e México (3,77%) aparecem em seguida. A média global é de apenas 1,45%.
Mesmo que o Copom tivesse optado por um corte de 0,25 ponto percentual – cenário visto como improvável por 95% do mercado – a posição brasileira não mudaria. Entre 165 países avaliados, mais de 83% mantiveram suas taxas nas últimas reuniões, apenas 2,4% elevaram e 13,9% cortaram. No grupo de 40 principais economias, 70% mantiveram e 30% reduziram.
Vieira destaca que o Brasil enfrenta um ambiente de incertezas inflacionárias locais, agravado pela questão fiscal. Segundo ele, a guerra de tarifas amplia a tensão e dificulta a tomada de decisão, mesmo com sinais de alívio da inflação em meio à queda global do dólar.
O economista ressalta ainda que a manutenção dos juros no Brasil tem caráter de recado ao governo, diferentemente dos EUA, onde o Fed já sinalizou cortes graduais de 25 pontos-base. Powell, no entanto, deve justificar esse movimento olhando para dados do mercado de trabalho, enquanto o Copom permanece atento às fragilidades fiscais.
Com isso, o Brasil segue preso a um patamar elevado de juros reais, reforçando a atratividade da renda fixa, mas ao custo de um crescimento econômico mais contido. (Com informações do InfoMoney)