Investidores do Brasil elegem seus ETFs e ações favoritos nos EUA

O mês de agosto foi marcado por um interesse renovado dos brasileiros em investir no mercado americano, com destaque para empresas de tecnologia e fundos de índice. Levantamentos realizados pelas corretoras Avenue e Nomad — especializadas em atender clientes do Brasil que buscam exposição internacional — mostram que as chamadas “big techs” voltaram a liderar as preferências, mas companhias menos conhecidas e ETFs também ganharam espaço.

Tesla e Nvidia permaneceram entre os ativos mais procurados. A fabricante de veículos elétricos, embora tenha reportado queda de 16% no lucro do segundo trimestre fiscal em relação ao ano anterior, foi interpretada por muitos investidores como uma oportunidade de compra em meio à desvalorização dos papéis. Já a Nvidia, principal fornecedora de chips ligados à inteligência artificial generativa, apresentou crescimento expressivo de 59% no lucro anual, o que manteve a empresa em evidência nas carteiras.

A Palantir, companhia de softwares voltados à inteligência artificial, também figurou entre os destaques em ambas as listas. O lucro da empresa aumentou 53% no último trimestre fiscal, impulsionando as ações a uma valorização de mais de 150% apenas em 2025. Além dela, a Nomad registrou novidades como a imobiliária digital Opendoor e a tradicional Apple, enquanto a Avenue incluiu empresas como Ondas Holdings, focada em redes sem fio e drones autônomos; UnitedHealth Group, referência no setor de saúde; e MP Materials, produtora de terras raras — elementos químicos estratégicos na indústria tecnológica.

O levantamento também evidenciou a força dos ETFs como instrumentos de diversificação em um cenário global incerto. Na Nomad, fundos de renda fixa ligados aos títulos do Tesouro norte-americano, como SGOV (curto prazo) e TFLO (pós-fixados), dividiram espaço com veículos de criptomoedas — como IBIT, que segue o bitcoin, e ETHA, que acompanha o ether. Já na Avenue, além desses fundos, apareceram ETFs tradicionais que replicam índices de referência, como o VOO (S&P 500), o QQQ (Nasdaq 100) e o IVV (também do S&P 500), além do ETHU, que acompanha o desempenho do ether.

De acordo com Caio Fasanella, diretor de investimentos da Nomad, os clientes buscaram em agosto preservar patrimônio em meio às incertezas internacionais. Segundo ele, a preferência por títulos de curtíssimo prazo se justifica pelos retornos anualizados acima de 4% oferecidos hoje nos EUA. Já João Tessari, analista da Avenue, avaliou que o mês foi de “seletividade e equilíbrio”, combinando o apetite por risco com maior peso para ativos de menor volatilidade, especialmente os de renda fixa.

A temporada de resultados corporativos americanos também contribuiu para esse movimento. Fasanella destacou que teses ligadas à inteligência artificial e alternativas como criptomoedas tiveram papel importante para impulsionar volumes na Nomad. Tessari, por sua vez, observou que, na Avenue, o giro de posições em ações continuou predominando, sem que houvesse grandes apostas direcionais, reforçando o tom de cautela diante das incertezas globais.

Ações mais negociadas pelos clientes da Nomad em agosto