O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a reforma tributária como peça fundamental para destravar o crescimento econômico do Brasil. Em entrevista ao podcast 3 Irmãos, neste sábado (27), ele afirmou que a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) terá impacto significativo sobre a atividade. “O estudo mais modesto sobre reforma tributária mostra que o nosso PIB vai crescer 12% só por conta da reforma”, destacou, classificando a medida como um divisor de águas para a economia brasileira.
Haddad também comentou a relação com o Banco Central, afirmando que há diálogo aberto com o presidente da instituição, mas reforçando que a política monetária é de responsabilidade exclusiva da diretoria da autarquia. “Nossa conversa com o presidente do BC é muito franca, mas a responsabilidade de manter a inflação comportada é dele e da diretoria, que tem oito membros. A decisão final é deles”, disse.
Segundo o ministro, a independência do BC já era uma prática consolidada muito antes da lei aprovada em 2021, que estabeleceu mandatos fixos para os dirigentes. Ele lembrou que, desde o Plano Real, a instituição conquistou “força estratégica” para preservar o valor da moeda e dar estabilidade à economia. Como exemplo, citou o período dos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando Henrique Meirelles permaneceu à frente do BC por oito anos. “Ele não tem nada a ver com esquerda ou direita. No livro dele, conta que só recebeu um pedido do presidente Lula em oito anos, que ele negou. E ficou tudo bem”, relatou.
Em relação à dívida pública, Haddad garantiu que ela é acompanhada de forma rigorosa. “A dívida pública é auditada todo dia. O Banco Central, o TCU, o Tesouro Nacional, equipes técnicas de carreira acompanham isso de forma rigorosa. Não é algo que está largado”, afirmou.
O ministro também abordou o aumento nos pedidos de recuperação judicial, apontando fatores como os juros elevados, que dificultam a rolagem das dívidas junto aos bancos. Para ele, além desse obstáculo, há sinais de uso excessivo do instrumento por parte de algumas empresas. “Tem um ‘abusinho’ no uso da recuperação judicial em alguns setores que a gente está analisando com mais calma”, completou.
Com isso, Haddad reforçou a defesa de um equilíbrio entre medidas estruturais — como a reforma tributária — e a manutenção da disciplina fiscal e monetária, a fim de garantir crescimento sustentável para o país.